O presidente dos Estados Unidos anunciou, no sábado (1º), a implementação de tarifas sobre as importações provenientes do Canadá, México e China. No entanto, na segunda-feira (3), decidiu adiar as tarifas para os países vizinhos após discussões com seus líderes. Em relação à China, as conversas estão previstas para acontecer nas próximas 24 horas. Durante sua campanha, o presidente dos EUA manifestou a intenção de adotar uma política comercial rigorosa com todos os parceiros comerciais, incluindo o Brasil, que também está sob a mira do governo americano, com a possibilidade de tarifas de 100% caso os países do Brics avancem com planos de substituir o dólar em suas transações.
Analistas apontam que o Brasil pode se beneficiar desse novo cenário. Segundo especialistas, existem duas formas pelas quais o Brasil pode explorar essa situação. A primeira consiste em suprir as exportações dos EUA para outras nações; por exemplo, se a China deixar de adquirir grãos dos EUA, poderá passar a comprá-los do Brasil. A segunda forma diz respeito a atender à demanda dos EUA por insumos que atualmente vêm de outros países, como o México, sugerindo que esses produtos possam ser substituídos por exportações brasileiras.
Em um contexto de potencial discordância entre os EUA e outras nações, o Brasil pode se apresentar como um parceiro comercial amigável. Há uma reconfiguração das alianças comerciais em andamento, o que representa uma oportunidade para o Brasil se destacar no mercado internacional. Se o país se preparar adequadamente e se apresentar globalmente, poderá capturar um mercado que busca novos fornecedores para atender suas demandas.
As altas tarifas impostas pelos EUA podem também redirecionar investimentos para o Brasil. A política comercial atual pode resultar em uma inflação persistente nos Estados Unidos, gerando incertezas em seu mercado. Isso pode levar investidores estrangeiros a direcionar seus recursos para países emergentes, como o Brasil.
A situação atual traz ao Brasil a vantagem de não ter sido afetado nos anúncios iniciais sobre tarifas. O cenário poderá ser favorável caso as tarifas não impactem o Mercosul. Caso as empresas chinesas utilizem o Brasil como uma plataforma para acessar o mercado dos Estados Unidos, isso poderia mudar a dinâmica das exportações brasileiras, tornando o país um ponto de entrada significativo para o mercado americano.
Independentemente da direção que as negociações tomem, especialistas destacam que o agronegócio brasileiro possui um grande potencial para se beneficiar, especialmente se houver investimentos na criação de uma cadeia de valor mais agregada.
