O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é o primeiro líder internacional a ser recebido na Casa Branca após o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. A visita está agendada para esta terça-feira (4), e ocorre em um contexto de negociações para um cessar-fogo em Gaza, que Netanyahu pretende discutir em uma missão ao Catar ainda nesta semana. Esta visita representa a proximidade entre o governo israelense e a administração republicana.
Antes do encontro, o gabinete de Netanyahu anunciou a formação de uma delegação que viajará ao Catar para discutir os próximos passos do cessar-fogo estabelecido em Gaza desde 19 de janeiro. Segundo fontes do Hamas, o movimento está preparado para reiniciar as negociações e aguarda a convocação dos mediadores envolvidos, que incluem Catar, Egito e Estados Unidos.
O acordo de trégua permitiu a interrupção de mais de 15 meses de conflito entre Israel e o Hamas, resultando na libertação de reféns israelenses em troca da liberação de prisioneiros palestinos. O cessar-fogo está dividido em três fases, sendo a primeira de seis semanas, durante as quais se espera também discutir os detalhes da segunda fase, que deveria abranger a libertação dos reféns restantes e um fim definitivo ao conflito.
O conflito se intensificou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas realizou um ataque surpresa ao sul de Israel, resultando na morte de 1.210 pessoas, conforme dados oficiais. Em resposta, Israel lançou uma campanha militar em Gaza, que resulta em um alto número de fatalidades, com pelo menos 47.487 mortos segundo o Ministério da Saúde do Hamas, considerado confiável pela ONU.
Durante a escalada do conflito, o Hamas também capturou 251 reféns, dos quais 76 ainda estão em cativeiro em Gaza, enquanto o exército israelense estima que 34 desses reféns possam ter falecido. Ao final da primeira fase do cessar-fogo, o Hamas ainda poderá manter quase 50 reféns, considerando tanto os vivos quanto os mortos.
Netanyahu, em declaração antes da viagem, enfatizou a importância de uma colaboração estreita com Trump para “redesenhar o mapa do Oriente Médio”. O presidente norte-americano causou polêmica ao sugerir a transferência dos habitantes de Gaza para regiões consideradas “mais seguras”, como Egito e Jordânia, que se opuseram à proposta. Trump também questionou a continuidade do acordo de trégua, apesar de seu envolvimento inicial nas negociações.
O enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou um leve otimismo em relação à possibilidade de libertação dos reféns e de uma resolução pacífica. A resistência de Jordânia e Egito em receber os habitantes de Gaza não parece ter desanimado Trump, que aborda questões diplomáticas como se fossem negociações comerciais.
Trump reiterou a ideia de que os países beneficiados deveriam retribuir em termos de apoio a Israel. A agenda do presidente inclui uma reunião com o rei Abdullah II da Jordânia em 11 de fevereiro e conversas recentes com o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi. A Jordânia já acolhe uma quantidade significativa de refugiados palestinos, enquanto o Egito desempenha um papel crucial na mediação de ajuda humanitária para Gaza.
Nesta nova administração, Trump reverteu algumas políticas de seu antecessor, Joe Biden, incluindo a liberação de bombas pesadas a Israel que estavam suspensas e o cancelamento de sanções financeiras contra colonos israelenses. Além disso, a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita, um importante ator regional, poderá ser um dos temas abordados na visita do primeiro-ministro de Israel.