terça-feira, fevereiro 4, 2025
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O PERIGO OCULTO: DESCUBRA COMO O CONSUMO DE ÁLCOOL PODE GERAR CÂNCER

O consumo de álcool é uma prática amplamente estabelecida em diversas culturas globalmente, incluindo no Brasil. Este hábito é frequentemente relacionado a eventos festivos, celebrações e interações sociais. Contudo, estudos demonstram que o consumo de bebidas alcoólicas está ligado a pelo menos sete tipos diferentes de câncer, abrangendo câncer de mama, boca, laringe, garganta, esôfago, fígado e cólon. Em um relatório publicado em 2025 pelo Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos Estados Unidos, foi destacado que o álcool é a terceira maior causa evitável de câncer, ficando atrás apenas do tabaco e da obesidade. Este documento apontou que cerca de 100 mil casos e 20 mil mortes anuais nos EUA estão associados ao consumo de álcool, além de reportar que, globalmente, pelo menos 741 mil casos de câncer foram relacionados ao álcool em 2020.

O relatório também atualizou as evidências científicas sobre a relação entre o álcool e o câncer, ressaltando a importância de se discutir o tema. Entre as informações apresentadas, destacam-se o risco proporcional ao consumo, os mecanismos biológicos que explicam essa relação e a constatação de que não existem níveis seguros de consumo. A médica Ana Paula Garcia Cardoso, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, enfatiza que o álcool é um elemento cultural que existe há milênios, geralmente associado a momentos de alegria. No entanto, muitas pessoas não têm consciência dos riscos que seu consumo pode acarretar.

Nos Estados Unidos, mais da metade dos adultos consome álcool, com 17% apresentando padrões de consumo excessivo e 6% consumindo quantidades consideradas prejudiciais. No Brasil, os números são semelhantes, com 44,6% da população adulta se identificando como consumidores de bebidas alcoólicas, e 18,3% relatando consumo abusivo. Essas informações são oriundas do Ministério da Saúde, que analisa a situação de saúde da população por meio do sistema Vigitel, voltado à vigilância de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis.

É importante ressaltar que o risco de câncer não se limita a indivíduos que são considerados alcoólatras. De acordo com a especialista, não há uma quantidade de álcool considerada segura, e o uso controlado da bebida não elimina o risco associado. Esse perigo se aplica a todas as formas de álcool, incluindo vinho, destilados e cervejas. Vários estudos demonstram que existem quatro mecanismos biológicos que explicam como o álcool eleva o risco de câncer.

Um dos mecanismos é o dano ao DNA, causado pela decomposição do álcool em acetaldeído, um composto associado ao câncer. O acetaldeído se liga ao DNA, gerando mutações que podem levar à multiplicação desordenada de células, resultando em tumores malignos. O sistema imunológico desempenha um papel crucial na proteção contra danos à saúde, mas em algum momento pode falhar, deixando células mais vulneráveis a fatores agressivos, como álcool e tabaco.

Outro mecanismo é a geração de espécies reativas de oxigênio, que exacerbam a inflamação através do estresse oxidativo. O álcool também pode interferir nos níveis hormonais, especialmente do estrogênio, o que está associado a um maior risco de câncer de mama. Além disso, órgãos como fígado e boca são afetados diretamente pelo consumo de álcool, e a interação com outros carcinógenos pode aumentar ainda mais o risco.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não existe um nível seguro de consumo de álcool. Mesmo pequenas quantidades podem aumentar o risco de câncer, e para alguns tipos de câncer, o risco começa a aumentar com o consumo de uma dose diária. Estudos indicam que a probabilidade de uma mulher desenvolver câncer relacionado ao álcool ao longo da vida cresce proporcionalmente ao aumento do consumo.

No Brasil, uma dose padrão de álcool é definida como equivalente a 14 g de etanol puro, que corresponde a cerca de 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilados. A OMS considera uma dose padrão de 10 g, recomendando que homens não ultrapassem duas doses diárias e mulheres uma, com abstenções de pelo menos duas vezes na semana.

Malgrado as evidências que demonstram a ligação entre o consumo de álcool e o risco de câncer, um estudo americano apontou uma lacuna significativa no entendimento público sobre essa associação. Pesquisa realizada em 2019 revelou que apenas 45% dos adultos nos EUA reconheciam o álcool como um fator de risco para o câncer, um índice muito inferior ao de outras substâncias como tabaco e radiação.

Evidências sugerem que, a longo prazo, a redução ou a cessação do consumo de álcool pode, de fato, diminuir a probabilidade de desenvolvimento de certos tipos de câncer. No entanto, mais pesquisas são necessárias para determinar se esse risco diminui para outros tipos de câncer.

Por fim, o relatório sugere que as etiquetas de bebidas alcoólicas sejam atualizadas para incluir avisos sobre o aumento do risco de câncer. A inclusão de advertências em rótulos é considerada uma estratégia eficaz para aumentar a conscientização e promover mudanças de comportamento. A falta de informação sobre os riscos do consumo de álcool é um problema no Brasil, assim como a negação frequentemente enfrentada por indivíduos que desejam manter seus hábitos, em grande parte devido ao contexto social associado ao álcool.

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