As previsões da Ibiuna Investimentos para o cenário internacional indicam um panorama pessimista, especialmente devido aos riscos relacionados às políticas econômicas implementadas por Donald Trump. A gestora destaca que a volatilidade observada recentemente tende a se tornar uma característica permanente neste novo ambiente, mesmo com os Estados Unidos firmando acordos comerciais.
A incerteza quanto à extensão, abrangência e cronograma de aplicação do novo regime tarifário dos Estados Unidos, juntamente com suas repercussões sobre as cadeias produtivas, deverá intensificar a volatilidade no mercado. Além disso, a Ibiuna antecipa que essas tarifas poderão gerar um impacto inflacionário na economia americana, reduzindo a margem para eventuais cortes de juros pelo Federal Reserve. Complicando este cenário, o crescimento econômico dos EUA está situado acima do potencial, enquanto a taxa de desemprego permanece abaixo do nível de equilíbrio.
As tarifas configuram-se como um entrave adicional para a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve e poderão afetar negativamente o crescimento dos Estados Unidos no médio prazo, implicando também um impacto nos países parceiros. Por outro lado, as nações afetadas por essas medidas deverão enfrentar um cenário de crescimento reduzido, o que pode levar à necessidade de ajustes nas políticas monetárias locais.
Diante desse cenário, a gestora decidiu priorizar investimentos em ativos defensivos, favorecendo aqueles que podem se beneficiar com um dólar forte e com a menor sincronia entre as políticas monetárias dos Estados Unidos e das demais economias, tanto desenvolvidas quanto emergentes.
Embora a bolsa brasileira tenha apresentado uma alta de 4,9% em janeiro, representando o melhor desempenho desde agosto de 2024, a Ibiuna acredita que essa tendência não é sustentável, já que não ocorreram mudanças significativas nos fundamentos do mercado local.
A gestora observa que a melhora percebida no início do ano deve ser vista como um reflexo da situação global, aliada a um período sazonalmente mais favorável. No entanto, as preocupações persistem quanto à falta de uma solução consistente para abordar a crescente dívida pública do país.
Além do desafio fiscal, dois outros fatores de risco se destacam: a desaceleração da economia brasileira devido ao aumento das taxas de juros e o potencial de o governo adotar uma política contracíclica para estimular a economia, o que poderia levar a complicações adicionais nas contas públicas.
A desaceleração econômica é considerada essencial para direcionar a inflação de volta à meta, mas restam dúvidas se isso será suficiente para interromper o ciclo de queda nas expectativas inflacionárias. Enquanto não houver maior clareza nesse aspecto, a Ibiuna pretende manter uma postura defensiva em relação aos ativos brasileiros.