Nas atuais negociações sobre a reforma ministerial, o governo identificou o interesse do Centrão, um grupo político que exerce controle sobre o Congresso, em indicar um de seus representantes para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), que atualmente é liderada pelo petista Alexandre Padilha. Ao menos três nomes estão sendo considerados para assumir a pasta, que é encarregada da articulação política. Entre eles está o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos, partido do novo presidente da Câmara, Hugo Motta. O deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), que também possui apoio de Motta, é outro nome em pauta.
A indicação de cualquiera dos dois nomes mencionados poderia ajudar a aliviar o descontentamento da liderança da Câmara, que considera haver uma sub-representação do órgão na Esplanada dos Ministérios. Além dos nomes citados, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), foi sugerido como uma alternativa para a SRI. Este último, se escolhido, representaria uma decisão pessoal de Lula.
Atualmente, Silvio Costa Filho e Isnaldo Bulhões Jr. se destacam como os principais candidatos para a função de articulação política, embora não haja garantias de que um deles seja efetivamente escolhido para substituir Padilha. O presidente ainda não definiu se optará pela saída de Padilha ou se fará um remanejamento desse auxiliar, que poderia ser deslocado, por exemplo, para o Ministério da Saúde.
Além disso, o PT também está atento à vaga, com uma facção do partido defendendo a substituição de Padilha pelo deputado José Guimarães (PT-CE). Esta possível nomeação seria significativa, uma vez que Guimarães é considerado um candidato para a presidência do partido e, se assumir o ministério, não participaria do processo eleitoral, onde ele teria como rival principal o ex-prefeito Edinho Silva, nome preferido por Lula para liderar o PT. Esta troca poderia, assim, facilitar a sucessão interna dentro da legenda e, ao mesmo tempo, reforçar a presença do PT nos ministérios do Palácio do Planalto. O presidente Lula, portanto, enfrentará a tarefa de decidir entre atender às demandas do Centrão e lidar com os interesses de sua própria legenda.