A agressão, tanto física quanto verbal, com o objetivo de intimidar, é uma prática que remonta a tempos antigos e causa sérias consequências às vítimas, variando de acordo com a intensidade do ato. O fenômeno do bullying é um problema persistente e histórico, sendo sua banalização inadequada. As consequências incluem sofrimento, isolamento e impactos emocionais duradouros na vida da pessoa afetada. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que aproximadamente 23% da população brasileira reporta ter sido vítima desse tipo de humilhação em algum momento.
Recentemente, o Colégio Santa Cruz, localizado em São Paulo, enfrentou um aumento no fenômeno do cyberbullying, uma forma contemporânea de intimidação que ocorre nas redes sociais. Alunos do 2° e 3° anos do ensino médio participaram da criação de um grupo no WhatsApp com cerca de 200 membros, onde eram promovidas práticas de racismo, homofobia e misoginia contra novos alunos. Após a revelação do caso, a escola optou por suspender 34 estudantes envolvidos. A presidente da Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar) ressaltou que o bullying não é uma questão exclusiva do Colégio Santa Cruz, mas sim um problema que afeta instituições de ensino em geral, destacando a importância da colaboração entre escolas e famílias para combater a banalização da violência.
Após a suspensão dos alunos, a Abepar considerou o evento lamentável, enfatizando que o bullying é uma questão presente em todas as escolas e não apenas na mencionada. A associação reconhece a situação como uma oportunidade para reforçar o papel educativo das escolas e a necessidade de parcerias com as famílias. A responsabilidade educativa deve ser compartilhada entre a escola e os pais.
A questão surgiu em um momento em que se inicia a aplicação de uma lei federal que proíbe o uso de celulares dentro do ambiente escolar. Contudo, a eficácia dessa medida no combate ao bullying depende também do comportamento observado no ambiente familiar. As famílias têm um papel essencial nesse processo, uma vez que o caso ocorrido reflete uma sociedade caracterizada por polarização política e radicalização. Mesmo que os pais monitorem o tempo de uso dos dispositivos, é fundamental que também fiscalizem o conteúdo acessado pelos filhos. A colaboração entre escola e família é essencial para a prevenção do bullying, e embora a punição escolar seja necessária, ela sozinha não é suficiente.
Quando questionada sobre a possibilidade de expulsão dos alunos envolvidos, a Abepar opina que essa medida não resolve o problema, pois não oferece chances de reeducação. A suspensão é vista como uma oportunidade para reforçar protocolos e procedimentos. As escolas devem estabelecer regras tanto no ambiente físico quanto no virtual, alinhadas aos seus projetos pedagógicos. É importante refletir sobre se os alunos compreendem os riscos associados a grupos de WhatsApp, visto que, em dinâmica grupal, a capacidade crítica dos jovens pode ser reduzida.
A partir desse episódio, emerge a necessidade de conscientização sobre a reparação no contexto do bullying, onde sempre existe uma vítima que sofre. A implementação de políticas de inclusão, antiviolência e serviços sociais é crucial, assim como a conscientização do agressor sobre o impacto de suas ações. A banalização da violência entre os jovens deve ser interrompida, pois se tornou parte do cotidiano deles e se manifestou nas redes sociais. Este cenário representa uma oportunidade para a sociedade refletir sobre as condutas dos jovens.