O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, declarou que a cocaína não é mais prejudicial do que o uísque, sugerindo que a indústria global da cocaína poderia ser “facilmente desmantelada” caso a substância fosse legalizada mundialmente. A Colômbia, sendo o maior produtor e exportador de cocaína do mundo, atende principalmente os mercados dos Estados Unidos e da Europa. O governo colombiano tem enfrentado o tráfico de drogas ao longo das últimas décadas. Em uma reunião ministerial transmitida ao vivo, Petro afirmou que a criminalização da cocaína se deve à sua produção na América Latina, e não a uma suposta periculosidade superior em relação ao uísque.
Desde que assumiu o cargo em 2022, o presidente Petro prometeu adotar medidas para combater o tráfico de drogas e regular o uso de substâncias ilegais. No entanto, a produção de cocaína na Colômbia aumentou desde sua posse. O cultivo de folhas de coca cresceu 10% em 2023 em comparação com o ano anterior, enquanto a produção potencial de cocaína atingiu um recorde de mais de 2.600 toneladas métricas, representando um aumento de 53%, de acordo com informações do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
Durante os comentários na reunião, Petro sugeriu que a legalização da cocaína, assim como a do álcool, poderia ser uma solução eficaz para desmantelar o tráfico. Ele observou que, se a paz é um objetivo, a implementação dessa legalização ajudaria a destruir a indústria do tráfico de drogas. O presidente afirmou que a cocaína poderia ser comercializada como o vinho. Além disso, Petro fez um contraponto ao destacar o fentanil, um opioide sintético ligado à crise de overdoses nos Estados Unidos, e afirmou que essa droga não é produzida na Colômbia, mas foi criada por empresas farmacêuticas norte-americanas, resultando em casos de vício entre seus usuários.
Essas declarações surgiram em meio a um embate diplomático com o governo dos Estados Unidos, referente à deportação de imigrantes colombianos. Após uma série de ameaças e discussões, a Colômbia concordou em aceitar os deportados, enviando aviões próprios para facilitar o retorno. Historicamente, a Colômbia tem sido uma importante aliada dos Estados Unidos na América do Sul, especialmente em relação ao combate do tráfico de drogas.
A cocaína é a quarta substância recreativa mais consumida no mundo, segundo dados da ONU, sendo ilegal na maioria dos países, embora algumas nações tenham descriminalizado a posse em pequenas quantidades. O uso de cocaína pode resultar em graves complicações médicas, incluindo transtornos de uso e risco de overdose, conforme observado pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos. A adulteração da cocaína com opioides sintéticos, como o fentanil, também tem contribuído para o aumento no número de mortes por overdose, segundo o Instituto Nacional de Saúde. Por outro lado, os riscos associados ao consumo de álcool incluem lesões, violência, intoxicação e doenças graves, como cirrose e câncer, além dos efeitos adversos do uso excessivo.