sábado, fevereiro 8, 2025
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Crescimento do Camarão Gigante no Pará: Sinais de Alerta e Impactos Ambientais

Nos últimos meses, pescadores do estado do Pará vêm reportando um aumento significativo na captura de um camarão de grande porte considerado exótico. O Macrobrachium rosenbergii, conhecido popularmente como camarão-gigante-da-Malásia, foi introduzido no Brasil em 1977 com a finalidade de aquicultura, mas acabou escapando para o ambiente natural e se espalhando rapidamente pela foz do Rio Amazonas. Este fenômeno gerou grande repercussão nas redes sociais, com vídeos de pescadores mostrando suas capturas e alertando sobre os possíveis impactos no ecossistema local.

Esse camarão é uma espécie invasora de origem Indo-Pacífica e é um dos maiores representantes de água doce no mundo. Os machos dessa espécie podem atingir até 32 centímetros de comprimento, enquanto as fêmeas chegam a 25 centímetros. Uma das características marcantes do M. rosenbergii são suas garras longas, que podem ser duas vezes o tamanho de seu corpo. A coloração do crustáceo varia de acordo com a fase de desenvolvimento; os juvenis apresentam um padrão tigrado, enquanto os indivíduos adultos têm uma coloração azulada. Embora seu ciclo de vida dependa de ambientes salobros para a fase larval, no Pará as condições estão favoráveis para a reprodução, com captura de fêmeas ovígeras em estuários, indicando um processo de proliferação no ambiente natural.

Especialistas alertam que a expansão do M. rosenbergii pode representar riscos significativos para o meio ambiente. Esta espécie é carnívora, agressiva e canibal, se alimentando de outros animais aquáticos, inclusive peixes e camarões nativos. Sua alimentação voraz pode causar um desequilíbrio na biodiversidade local, afetando populações já estabelecidas. Ademais, o camarão-gigante-da-Malásia é conhecido como vetor do vírus da WSS (White Spot Syndrome), uma doença que pode comprometer as espécies nativas de camarões e ocasionar perdas à atividade pesqueira.

Ainda que essa espécie represente um desafio ao equilíbrio ecológico, o M. rosenbergii também desperta interesse econômico. A carne dessa espécie é valorizada no mercado, e a pesca comercial poderia servir como uma alternativa para atenuar os danos ambientais causados pela invasão. Contudo, a rápida reprodução e a falta de predadores naturais complicam o controle populacional.

Fenômenos semelhantes já foram observados com outras espécies invasoras, como o peixe-leão (Pterois volitans), que se espalhou pela região do Caribe e pela costa brasileira, ameaçando os ecossistemas marinhos. Medidas como a promoção de sua pesca para consumo humano foram implementadas em diversas localidades como forma de conter essa invasão.

Atualmente, não existem registros oficiais de ações emergenciais por parte das autoridades ambientais para controlar o crescimento populacional do M. rosenbergii no Pará. Tanto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente quanto a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade ainda não se pronunciaram sobre o assunto. Pesquisadores continuam a monitorar a presença da espécie e a avaliar os impactos potenciais de sua proliferação.

A espécie é altamente resistente e tolerante a uma ampla variação de temperaturas, que vão de 14 a 35 graus Celsius, embora tenha um desempenho otimizado entre 28 e 31 graus. O M. rosenbergii prefere águas com pH alcalino (de 7,0 a 8,5) e se alimenta de diversas fontes, incluindo algas, animais mortos e ração de peixes. A invasão dessa espécie em território paraense ainda carece de estudos aprofundados, mas especialistas destacam a importância de implementar medidas de controle para minimizar os impactos ambientais. Enquanto o problema não é adequadamente abordado pelas autoridades competentes, permanece a dúvida se essa espécie se tornará uma ameaça permanente ou se poderá ser explorada economicamente como uma alternativa para os pescadores da região.

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