O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que uma declaração sobre tarifas recíprocas será feita em breve, como parte de um compromisso de campanha. A proposta visa estabelecer tarifas para importações americanas que correspondam às taxas impostas pelos parceiros comerciais sobre as exportações. No caso do Brasil, a afirmação é que o país cobra mais para vender seus produtos do que recebe das importações provenientes dos Estados Unidos. Essa informação foi confirmada por uma publicação previamente veiculada pela agência de notícias Reuters.
Atualmente, a tarifa média de importação dos Estados Unidos é de 2% sobre os bens industriais, sendo que 50% das importações dessa categoria estão livres de taxas. Durante uma coletiva de imprensa, Trump reiterou que a implementação de tarifas recíprocas é a maneira mais justa de abordar o comércio internacional, garantindo que todas as partes sejam tratadas de forma igualitária. Ele enfatizou que, se outros países impõem tarifas, os Estados Unidos também devem fazê-lo.
O diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, mencionou que a política comercial dos Estados Unidos se fundamentará no princípio da reciprocidade, não apenas em questões tarifárias, mas também em outros aspectos. Durante uma entrevista, foi destacado que, em 2023, empresas americanas desembolsaram US$ 370 bilhões em tarifas para outros países, enquanto as empresas estrangeiras pagaram apenas US$ 57 bilhões em tarifas nos Estados Unidos. Essa disparidade foi apontada como uma evidência da falta de reciprocidade.
Os detalhes sobre quais países serão inicialmente impactados pela nova política tarifária ainda não foram revelados. Contudo, observações preliminares indicam que o Brasil poderia estar entre os afetados, especialmente considerando que a tarifa média de importação brasileira no exterior é de 4,6%, superando a tarifa média dos Estados Unidos e a de outros países analisados. No levantamento, o Brasil se posicionou como o terceiro país com a maior tarifa de importação, atrás da Argentina e da Índia.
Na América Latina, a maioria dos países, exceto Brasil e Argentina, apresenta tarifas médias significativamente mais baixas em suas exportações. O Brasil também se destaca em comparação com outras economias do BRICS, possuindo a segunda maior taxa, superada apenas pela Índia. As tarifas da China, África do Sul e Rússia são inferiores a 4,6%.
Trump tem pressionado líderes globais para que reconsiderem suas estratégias comerciais, utilizando a força econômica dos Estados Unidos. As tarifas sobre importações, que não requerem aprovação legislativa, foram propostas inicialmente contra produtos do México e do Canadá, os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos. Essa abordagem levou a compromissos, incluindo esforços colaborativos para questões de imigração e segurança de fronteiras.
O governo brasileiro está avaliando os possíveis impactos econômicos de uma possível elevação das tarifas. Considerando que o Brasil importa mais do que exporta para os Estados Unidos, não é considerado um dos principais responsáveis pelo déficit na balança comercial americana. Em 2022, o Brasil apresentou um déficit de 6,8 bilhões de dólares.
Além disso, a administração brasileira não descarta a possibilidade de implementar retaliações específicas, especialmente em relação a produtos locais que competem com os produtos americanos no mercado internacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou a intenção de aplicar o princípio da reciprocidade caso as tarifas sejam implementadas, ao mesmo tempo em que mencionou a necessidade de cautela nas relações comerciais, uma vez que o governo Trump é frequentemente caracterizado por sua retórica assertiva. A orientação no governo brasileiro é para manter uma postura cuidadosa nas negociações.