Na tarde de 7 de setembro, brasileiros chegaram ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, após serem deportados dos Estados Unidos. De acordo com a secretária dos Direitos Humanos do Estado do Ceará, foi relatado que esses indivíduos foram algemados e acorrentados, além de terem permanecido sem alimento durante o voo. A secretária comentou sobre a recepção deles no aeroporto, enfatizando a condição emocional e física em que chegaram.
A preocupação com a saúde e o bem-estar dos deportados foi enfatizada, com relatos de que estavam famintos e só conseguiram se alimentar após o desembarque. Este voo representa a segunda repatriação de brasileiros sob a administração de Donald Trump, e o trecho final da viagem até o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, será realizado pela Força Aérea Brasileira.
O voo transportou 111 brasileiros, a maioria oriunda de Minas Gerais. A escolha de Fortaleza como destino foi feita para evitar que voos sobrevoassem o território brasileiro com imigrantes algemados, situação que ocorreu durante o primeiro voo de repatriação.
Recentemente, representantes do governo brasileiro se reuniram com diplomatas dos Estados Unidos para discutir questões relacionadas ao primeiro voo de deportação, que chegou a Belo Horizonte após uma escala em Manaus no dia 25 de janeiro. Durante o tempo em que estavam detidos nos Estados Unidos, os deportados alegaram ter enfrentado algema, agressões, privação de banheiros e alimentação.
A utilização de algemas no Brasil é regulada pela Constituição e pela Súmula 11 do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabelece que esse recurso deve ser usado de maneira excepcional e justificada. De acordo com a legislação, o uso de algemas é permitido apenas em situações de resistência, risco de fuga ou ameaça à integridade física, com a necessidade de justificativa formal por escrito.
Para assegurar os direitos dos deportados, a recente repatriação contou com a supervisão de um diplomata brasileiro do consulado em Houston, Texas. As deportações em massa e a expulsão de imigrantes foram pontos centrais na campanha de Donald Trump. Logo após assumir o cargo, Trump assinou um decreto visando expulsar 1,4 milhão de estrangeiros que entraram nos Estados Unidos durante a administração de Joe Biden.
No dia 5 de setembro, Trump anunciou um voo de deportados com destino a Guantánamo, em Cuba, uma instalação que é frequentemente associada a práticas questionáveis de detenção e tratamento. Desde 2020, mais de 7 mil brasileiros foram deportados dos Estados Unidos para o Brasil. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, comunicou que os próximos voos não utilizarão algemas, reiterando a posição do governo brasileiro de não querer agravar a relação com a administração de Trump.