O presidente dos Estados Unidos tomou uma decisão de reduzir a assistência financeira destinada à África do Sul, conforme anunciado pela Casa Branca na última sexta-feira (7). Além disso, a administração americana elaborará um plano para oferecer reassentamento a agricultores sul-africanos e suas famílias, qualificando-os como refugiados.
O presidente expressou, sem apresentar provas, que a África do Sul está confiscando propriedades e alegou que “certas classes de pessoas” estão sendo tratadas de forma injusta. Elon Musk, bilionário sul-africano naturalizado americano, também se manifestou, afirmando que os brancos sul-africanos são vítimas de “leis racistas de propriedade”.
Por outro lado, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que recentemente sancionou uma lei visando facilitar a desapropriação de terras pelo governo em prol do interesse público, defendeu essa política. Ele ressaltou que o governo sul-africano não tem confiscado terras e que a iniciativa é voltada para a redução das desigualdades raciais na posse de terras, afirmando ainda que a África do Sul “não será intimidada”.
As relações entre os Estados Unidos e a África do Sul foram complicadas ainda mais pelo caso levado ao Tribunal Internacional de Justiça, onde a África do Sul denuncia Israel por genocídio em relação ao ataque militar em Gaza, que resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas e agravou a crise humanitária na região. Israel, por sua vez, nega as alegações, afirmando que suas ações foram em legítima defesa após um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
A Casa Branca citou as ações da África do Sul nesse contexto como um exemplo de posição contrária a Washington e seus aliados. O decreto que vem sendo elaborado pelo presidente americano contemplará questões relacionadas aos direitos humanos na África do Sul e a redução do financiamento havia sido uma ameaça feita logo no início de seu mandato.
A disputa pela propriedade da terra é um tema profundamente enraizado politicamente na África do Sul, marcada pela herança do colonialismo e do apartheid, que resultou na desapropriação de terras e na negação de direitos dos negros. Atualmente, os proprietários brancos controlam cerca de três quartos das terras agrícolas do país, enquanto a população negra, que representa 80% da população, detém apenas 4% dessas propriedades. Esses dados foram extraídos da última auditoria fundiária realizada em 2017.
