Governistas mencionam fatos revelados pelas investigações da Polícia Federal e rejeitam a possível análise do projeto de lei que busca anistiar os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023.
Em uma recente entrevista à rádio Arapuan FM, realizada na sexta-feira (7), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que os indivíduos condenados por golpismo estão recebendo “penas muito severas”. Segundo Motta, a discussão sobre o tema está causando conflitos com os poderes Executivo e Judiciário, o que exigirá cautela por parte da Casa ao tratar do assunto. Ele enfatizou a necessidade de precaução ao abordar a possibilidade de pautar a anistia, alegando que não queria comprometer-se a discutir a questão em um prazo específico.
Motta declarou que os eventos do dia 8 de janeiro não podem ser considerados aceitáveis, classificando-os como uma agressão às instituições. Ele questionou a caracterização do ocorrido como um golpe, argumentando que um golpe requer a presença de um líder e apoio de instituições, o que, segundo ele, não ocorreu. A ideia de discutir a anistia foi mencionada como parte de negociações relacionadas à sua eleição como presidente da Câmara, a qual recebeu 444 votos. A declaração de Motta foi vista com otimismo por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante sua primeira semana à frente da Câmara, Motta fez comunicados ao Judiciário sobre a transparência na utilização de recursos públicos e ao governo sobre a necessidade de cortes de gastos. Ele foi escolhido presidente com uma base de apoio que inclui partidos de diversas orientações políticas.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, expressou sua oposição à proposta de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, afirmando que tal votação é “descabida”. Ela destacou que a questão não deve ser tratada como um objetivo político, mas sim como uma defesa da democracia e uma necessidade de respeitar as decisões judiciais relacionadas aos ataques aos Três Poderes.
O novo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, criticou as declarações de Motta e citou informações da Polícia Federal que indicam um planejamento por parte do entorno de Bolsonaro para a depredação dos prédios públicos, classificando esses eventos como parte de uma tentativa de golpe de Estado violento.
O vice-líder do governo na Câmara, Rogério Correia (PT-MG), qualificou como “negacionismo inaceitável” a defesa de que os aliados de Bolsonaro não tentaram realizar um golpe de Estado, mencionando relatórios da CPMI, múltiplos indiciamentos pela PF, e planos de ataques que contemplavam o assassinato de figuras políticas como o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Adicionalmente, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) reforçou a posição sobre os indiciados pela Polícia Federal, afirmando que as ações deles visavam não apenas uma ruptura democrática, mas também o assassinato de importantes autoridades. De forma semelhante, o deputado Rubens Otoni (PT-GO) concordou que o ocorrido não se tratou apenas de uma tentativa de golpe, mas de uma tentativa de assassinato também.