domingo, fevereiro 9, 2025
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Sindicato Aumenta a Pressão sobre a Amazon nos EUA

A Amazon, reconhecida como a segunda maior empregadora do setor privado nos Estados Unidos, está enfrentando um aumento significativo na pressão exercida por sindicatos. Um novo grupo sindical na Carolina do Norte está buscando representar mais de 4.000 trabalhadores em uma das instalações do varejista online. O estado da Carolina do Norte possui a menor taxa de filiação sindical do país, com apenas 2,4% dos trabalhadores associados a sindicatos, cifra inferior à média nacional. Apesar desse panorama, os líderes do sindicato estão otimistas em relação ao processo de votação. A Carolina do Norte é conhecida por sua resistência a sindicatos, assim como a Amazon, que historicamente tem se mostrado contrária a movimentos sindicais.

O National Labor Relations Board (NLRB) está monitorando uma votação que se estenderá por seis dias, com início previsto para a segunda-feira (10) e contagem dos votos programada para o sábado (15). A eventual vitória do sindicato chamado Carolina Amazonians United for Solidarity and Empowerment (CAUSE) na cidade de Garner representaria a segunda instalação da Amazon a ter um sindicato reconhecido, seguindo uma eleição anterior em Staten Island, Nova York. Um dos líderes da campanha, Italo Medelius-Marsano, afirmou que a Amazon está investindo consideravelmente para evitar que o sindicato vença, seja através de recursos financeiros, mobilização de pessoas ou propaganda. Essa abordagem da empresa sugere um receio em relação ao resultado da votação.

A Amazon expressou confiança de que os trabalhadores na cidade de Garner preferem manter a instalação livre de sindicatos. Segundo Eileen Hards, porta-voz da empresa, os funcionários não necessitam de representação sindical para ter suas vozes consideradas e que a empresa já oferece condições que muitos sindicatos reivindicam, como ambientes de trabalho seguros, salários competitivos e benefícios atrativos. Os trabalhadores na instalação têm um salário inicial de US$ 18,50 por hora e um limite máximo de US$ 23,80 por hora. Em contrapartida, os organizadores do sindicato buscam estabelecer um salário de US$ 30 por hora, argumentando que o valor atual é inadequado para a região.

Em 2024, a Amazon reportou um lucro líquido de US$ 59 bilhões, quase o dobro em comparação ao ano anterior, e atualmente possui um valor de mercado estimado em US$ 2,4 trilhões. Mesmo em um cenário de vitória do sindicato, as negociações para o primeiro contrato podem se estender por vários anos. A Amazon contestou judicialmente a votação que resultou na formação de um sindicato em Staten Island, quase três anos após a certificação do NLRB. A empresa também se negou a negociar com o Amazon Labor Union (ALU), grupo que obteve a vitória na votação, assim como com o sindicato Teamsters, que recebeu apoio de seus membros no último ano.

Os organizadores do sindicato em Garner relataram ter recebido apoio de outros sindicatos que estão em processo de organização em diferentes instalações da Amazon, aprendendo com as experiências anteriores de derrotas sindicais na companhia. Fracassos semelhantes nos esforços de sindicalização ocorreram em Bessemer, Alabama, e em outras unidades próximas a Staten Island e Albany, Nova York. No entanto, a independência do CAUSE é vista como uma vantagem pelos organizadores. Segundo Ryan Brown, um dos organizadores e ex-funcionário da Amazon, o grupo está enraizado na cultura local, o que lhes confere legitimidade perante os trabalhadores, que se sentem próximos aos organizadores.

Brown e os membros do sindicato alegam que sua demissão foi motivada por suas atividades sindicais, o que a Amazon refuta, atribuindo a demissão a questões de conduta. Apesar dos esforços da empresa para conter a sindicalização, a pressão externa tem aumentado. Recentemente, trabalhadores da Whole Foods, também sob a propriedade da Amazon, votaram a favor da formação de um sindicato. Adicionalmente, os Teamsters anunciaram uma greve de seis dias.

A CAUSE apresentou queixas de práticas trabalhistas injustas contra a Amazon, uma prática recorrente, pois a empresa possui várias reclamações registradas no NLRB. A agência de trabalho e juízes administrativos já decidiram a favor de reivindicações similares contra a Amazon em diversas ocasiões. Contudo, questões relacionadas a demissões de membros do conselho do NLRB e o quórum necessário para avaliação de tais casos podem complicar ainda mais a situação.

A eventual vitória de um sindicato em Garner pode conduzir a um desafio significativo para alcançar um contrato que reflita as necessidades e reivindicações dos trabalhadores, considerando o histórico de resistência da Amazon em situações similares. Os líderes do movimento sindical expressaram determinação em enfrentar as adversidades. A luta pela dignidade dos trabalhadores é enfatizada, destacando a expectativa de reconhecimento e tratamento humano, conforme relatado pelos organizadores do CAUSE.

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