Os militares de Israel se retiraram de uma área de Gaza conhecida como corredor Netzarim, conforme reportado pelo Hamas neste domingo (9). Essa ação era esperada como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo militante palestino. Uma fonte de segurança israelense, que pediu para permanecer anônima devido a restrições para falar publicamente, confirmou a retirada das forças em suas posições no centro da Faixa de Gaza. A presença militar de Israel na região já havia sido reduzida anteriormente.
O Hamas considerou a retirada uma vitória e enviou sua força policial para a área, para controlar o fluxo de palestinos que estavam se deslocando. Não houve comentários imediatos por parte dos militares israelenses. Imagens capturadas por agências de noticias mostraram veículos militares israelenses se afastando da costa em direção à fronteira de Israel. Desde o início do conflito, as forças israelenses ocuparam esse corredor, que se estende por cerca de 6,4 quilômetros ao sul da Cidade de Gaza, ligando a fronteira israelense ao Mar Mediterrâneo. Essa ocupação isolou comunidades do norte de Gaza, incluindo sua maior área metropolitana, das do sul.
Nas últimas semanas, milhares de palestinos cruzaram o corredor, retornando a suas casas no norte após buscarem abrigo no sul da Faixa de Gaza. Muitos relataram a surpresa ao encontrarem suas comunidades devastadas e descreveram o que afirmaram serem restos humanos em zonas das quais as forças israelenses se retiraram. Grande parte do norte de Gaza tornou-se um deserto após a campanha militar de Israel. Alguns moradores, ao descobrirem que suas casas foram destruídas, voltaram para o sul, enquanto outros montaram tendas nos locais onde antes existiam suas residências.
Ex-soldados americanos, contratados como prestadores de serviços privados, foram destacados para inspecionar veículos que passavam pelo corredor nas últimas semanas, após a implementação do acordo de cessar-fogo em 19 de janeiro, após mais de 15 meses de conflito. No domingo, grandes aglomerações de pessoas foram vistas atravessando o corredor, enquanto o Hamas anunciava a retirada das forças israelenses, resultando em uma longa fila de carros à espera de passagem.
Após o cessar-fogo em janeiro, a presença pública das forças militares e policiais do Hamas aumentou, o que analistas consideram uma mensagem deliberada de que o grupo não foi derrotado. Israel se comprometeu a eliminar o Hamas após o ataque de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.200 pessoas, a maioria civis, e na apreensão de mais de 250 reféns. Em resposta, mais de 46 mil pessoas já foram reportadas como mortas em retaliações israelenses, segundo autoridades de saúde palestinas, que indicaram que a maioria das vítimas são mulheres e crianças.
