No final de dezembro, o presidente Lula convocou seus 38 ministros para uma reunião, na qual enfatizou a necessidade de reciprocidade por parte dos partidos que ocupam posições de destaque no governo, mas não demonstram compromisso em fortalecer uma relação estável com a administração. Este apelo foi dirigido, em especial, às legendas do Centrão, que, juntas, controlam onze ministérios e possuem uma significativa representação no Congresso, com 241 deputados e 43 senadores, essenciais para a aprovação das principais propostas do governo.
Lula expressou sua expectativa de que essas siglas continuem a colaborar, lembrando que o ano de 2025 traz desafios eleitorais e incertezas quanto ao interesse dos partidos em manter a parceria. Durante essa reunião, lideranças de diversos partidos decidiram adotar uma postura cautelosa, aguardando a resposta do governo em relação aos índices econômicos e de popularidade em baixa, enquanto consideram estratégias para as próximas eleições.
Sobre a governabilidade no ano de 2026, o Progressistas, partido liderado pelo ex-ministro Ciro Nogueira, anunciou que não pretende formar alianças futuras, alegando uma posição opositora. No entanto, a sigla mantém influência no governo, ocupando o Ministério do Esporte e a presidência da Caixa Econômica Federal, além de buscar aumentar sua representatividade com a possível indicação do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, para o Ministério da Agricultura.
A disputa pela Agricultura, atualmente sob a responsabilidade do senador Carlos Fávaro, do PSD, promete ser complexa, já que essa legenda não está disposta a ceder sua posição. Recentemente, Fávaro teve sua permanência no cargo celebrada em um evento na Câmara dos Deputados. Nos bastidores, o PSD busca substituir o Ministério da Pesca pelo Ministério do Turismo, enquanto continua a comandar a pasta de Minas e Energia, recentemente elogiada por Lula.
Lula também se manifestou a favor do ex-presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, como candidato ao governo de Minas Gerais, enquanto considera a possibilidade de Pacheco ocupar um cargo no governo federal, amplificando a presença do PSD na administração. Apesar de suas relações com o partido, as declarações do líder da legenda, Gilberto Kassab, geraram controvérsias ao afirmar que Lula teria dificuldades em garantir sua reeleição caso as eleições ocorressem naquele momento.
Por sua vez, o PSD planeja lançar a candidatura do governador do Paraná, Ratinho Júnior, à presidência em 2026 e está avaliando uma fusão com o PSDB, partido tradicionalmente adversário do PT, em um movimento que deve ser concretizado em breve.
O União Brasil, com duas pastas no governo Lula, está preparando a pré-campanha do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, visando aumentar sua visibilidade em escala nacional. A bancada da legenda na Câmara dos Deputados manifestou apoio à continuidade de seus ministros atuais. O presidente do União Brasil ressaltou que as questões de governabilidade e eleições são distintas, enfatizando a prioridade em garantir a governabilidade em 2025 antes de focar nas eleições de 2026.
O Republicanos, que possui um ministério no governo atual, também enfrenta a necessidade de se posicionar para as futuras eleições. Com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como um potencial candidato presidencial, a legenda ainda não definiu sua estratégia para 2026, mas defende uma abordagem mais prática da administração, priorizando a pauta econômica e a contenção de custos.
Por fim, o MDB está lidando com divisões internas em relação ao apoio a Lula nas próximas eleições. Enquanto alguns de seus membros, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, se opõem à continuidade da aliança com o PT, outros defendem um retorno à parceria anterior. O presidente do MDB, Baleia Rossi, afirmou que é prematuro discutir 2026, garantindo que o partido, com três ministérios, irá contribuir para a estabilidade do governo.