Os comentaristas Caio Coppolla e José Eduardo Cardozo debateram, em uma recente edição do programa O Grande Debate, a relevância das declarações do ministro da Defesa, José Múcio, em relação à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, informou que tem a intenção de utilizar partes da entrevista concedida por Múcio no programa Roda Viva para fundamentar a defesa do ex-presidente, caso ele venha a ser acusado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a entrevista, Múcio revelou que buscou o apoio de Bolsonaro para conseguir uma audiência com os comandantes das Forças Armadas após as eleições presidenciais de 2022.
Coppolla abordou a questão de forma a afirmar que a transição de poder ocorreu de maneira pacífica, sem nenhum obstáculo à diplomação e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele destacou que Bolsonaro estava hospitalizado no exterior e enfatizou que não houve adesão das lideranças militares a uma suposta tentativa de golpe. Para Coppolla, a situação não configurou crime, pois os tipos penais requerem a ocorrência de violência ou grave ameaça, o que não se materializou. Ele argumentou que eventuais reuniões ou consultas poderiam, na melhor das hipóteses, ser interpretadas como atos preparatórios, que não são considerados ilícitos.
Por sua vez, Cardozo apresentou um contraponto, afirmando que um presidente que está realmente planejando um golpe não informaria uma autoridade de outro governo. Ele descreveu a interação entre Múcio e Bolsonaro durante a transição, ressaltando que o ex-presidente permitiu que o ministro da Defesa falasse com os comandantes militares, o que, segundo Cardozo, não seria o comportamento esperado de alguém que estivesse tramando um golpe de Estado. Cardozo finalizou sua observação questionando a lógica de um presidente que estaria orquestrando um golpe anunciar isso a um futuro ministro da Defesa de um governo eleito.