O governo de Israel está programado para votar nesta quinta-feira (16) sobre a ratificação de um tão esperado acordo de cessar-fogo e liberação de reféns entre o Hamas e Israel. Essa resolução, que pode ser implementada a partir do próximo domingo (19), representaria o primeiro alívio da guerra para a população da Faixa de Gaza em mais de um ano, além de ser apenas a segunda vez que isso acontece desde que os bombardeios israelenses foram iniciados há 15 meses. As famílias dos reféns manifestaram felicidade e alívio com a notícia do acordo, que deve resultar na libertação de 33 reféns retidos em Gaza em troca de centenas de palestinos encarcerados em Israel.
O acordo: A etapa inicial do plano, que é dividido em três fases, envolve um cessar-fogo de 42 dias, a retirada das forças israelenses, uma troca de reféns — incluindo civis, mulheres, soldados, crianças, idosos e doentes —, além de um aumento na ajuda humanitária para Gaza. Os reféns norte-americanos detidos em Gaza devem ser liberados na primeira fase do acordo, mas muitos detalhes e o cronograma ainda são incertos.
Votação em Israel: Para que o acordo seja aprovado, ainda é necessária a votação do gabinete de segurança de Israel, que deve ser feita por maioria simples. Segundo uma fonte israelense, pelo menos um ministro do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Bezalel Smotrich, já sinalizou que não votará a favor do acordo na sua versão atual. Netanyahu, por sua vez, declarou que não se pronunciará sobre o assunto até que todos os detalhes sejam definidos.
Acesso a ajuda emergencial: Organizações internacionais de auxílio celebraram o acordo, comprometendo-se a intensificar suas atividades em Gaza. O governo dos EUA manifestou a expectativa de enviar mais de 500 caminhões de ajuda diariamente para o território durante a vigência do cessar-fogo. A Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA) pediu por “acesso humanitário rápido, desimpedido e contínuo” para responder ao intenso sofrimento gerado pelo conflito.
Posicionamento do Hamas: O grupo declarou que a busca por uma resolução em Gaza e a questão dos reféns representa um “marco significativo” na “luta contra o inimigo”. Em um comunicado, o Hamas destacou que “o acordo para cessar a agressão contra Gaza é uma vitória para nosso povo, nossa resistência, nossa nação e todas as pessoas livres do mundo”.
Cooperação entre líderes: O acordo foi construído com um nível de colaboração “quase sem precedentes” entre os governos de Biden e Trump, segundo um alto funcionário americano. No entanto, após o anúncio do acordo, ambos os presidentes reivindicaram o crédito pela negociação, evidenciando que a relação entre eles continua tensa.
Implementação do acordo: Os Estados Unidos, juntamente com Egito e Catar, se comprometeram a garantir a implementação completa das três fases do acordo. Os mediadores afirmaram que trabalharão em conjunto “para assegurar que todas as etapas sejam plenamente executadas por ambas as partes”. O primeiro-ministro do Catar informou que os países mediadores estabelecerão um “mecanismo de monitoramento” para garantir que o cessar-fogo não seja violado.
Ataques em Gaza: Na quarta-feira (15), uma série de ataques israelenses atinge Gaza enquanto o acordo estava sendo finalizado. Pelo menos 12 pessoas perderam a vida e 20 ficaram feridas quando uma ofensiva israelense atingiu um bairro residencial na cidade de Gaza, segundo o serviço de defesa civil local. Os ataques também afetaram a região de Nuseirat, no centro da faixa, e a área sul de Khan Younis, resultando na morte de ao menos 11 indivíduos, conforme relataram autoridades de saúde e a defesa civil.
Perspectivas de paz: As fases duas e três do cessar-fogo ainda precisam ser discutidas durante a primeira fase. Essas negociações devem começar no 16º dia de execução do acordo, de acordo com uma autoridade israelense. O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que as negociações vão além do cessar-fogo temporário anunciado, incluindo a libertação de mais reféns, o início da recuperação de Gaza e a busca por um “fim duradouro da guerra”.