O advogado criminalista Pierpaolo Bottini, que também é professor de Direito Penal na Universidade de São Paulo (USP), observou que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser analisada de maneira objetiva, afastando as emoções políticas que frequentemente influenciam o debate público. Bottini destaca que o procurador-geral Paulo Gonet foi capaz de unir as evidências coletadas pela Polícia Federal (PF), evidenciando que as atitudes do ex-presidente não foram casos isolados, mas parte de um plano coordenado para comprometer as instituições democráticas.
De acordo com a acusação, Bolsonaro está sendo processado por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e outros crimes relacionados a ataques ao sistema eleitoral brasileiro, além da tentativa de bloquear a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. A denúncia inclui uma cronologia de eventos significativos.
Bottini destaca que a cronologia na denúncia abrange vários pontos críticos, como: 1. Transmissões ao vivo realizadas pelo ex-presidente que desacreditavam as urnas eletrônicas; 2. Um documento apreendido na residência de um general, que delineava etapas de um possível golpe de Estado; 3. Minutas de decretos com o objetivo de promover a legalidade de um estado de exceção; 4. Uma reunião com líderes das Forças Armadas para discutir a redação desses documentos; 5. A retenção de um relatório do Ministério da Defesa que confirmava a confiabilidade das urnas.
O advogado enfatiza que, ao observar esses eventos em conjunto, torna-se evidente que existe uma gestão voltada para a supressão do estado democrático de direito. Bottini acredita que o procurador apresentou a narrativa de forma coesa, com um início, meio e fim, reunindo suficientes indícios e elementos que sustentam a acusação, destacando a elaboração metódica de um cronograma sólido.