A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que pretende revogar a aprovação federal do programa de pedágio urbano implementado na cidade de Nova York. Este programa foi concebido com o objetivo de mitigar o congestionamento no trânsito e gerar receita para a modernização dos sistemas de metrô e ônibus da cidade. O secretário de Transporte dos EUA afirmou que a medida resultará na eliminação de uma alternativa de via gratuita para os motoristas, sugerindo que o programa tem potencial para onerar financeiramente os trabalhadores em vez de contribuir para a infraestrutura viária.
O programa, que começou a ser executado em 5 de janeiro, estipula uma cobrança de US$ 9 para a maioria dos veículos de passagem durante horários de pico ao adentrarem Manhattan, na área ao sul da 60th Street. Para caminhões e ônibus, a tarifa pode chegar a US$ 21,60, enquanto que durante as horas noturnas, o valor é reduzido em 75%.
Em resposta à ação de revogação, a Autoridade de Transporte Metropolitano (MTA) e a autoridade responsável pelas pontes de Nova York iniciaram uma ação judicial em Manhattan com o intuito de contestar a decisão. Essas entidades alegaram que a revogação foi motivada por razões políticas e representou uma quebra de promessa de campanha do presidente. Nas redes sociais, Trump expressou seu apoio à revogação, usando uma metáfora que sugere o respeito aos seus próprios interesses.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, destacou que as receitas oriundas do pedágio urbano seriam fundamentais para sustentar um financiamento de US$ 15 bilhões destinado a melhorias no sistema de transporte público. Ela defendeu que o programa foi positivo, resultando em uma redução nos tempos de deslocamento e beneficiando, por exemplo, alunos que dependem de ônibus escolares para chegar aos seus compromissos. Hochul enfatizou que o país deve ser regido por leis, e não por decisões unilaterais.
O programa de pedágio urbano tinha a expectativa de arrecadar cerca de US$ 500 milhões em seu primeiro ano. Sua implementação ocorria nos últimos meses do governo do ex-presidente Joe Biden e, por envolver estradas federais, a aprovação presidencial era um requisito necessário. Dados de autoridades de trânsito indicam que o programa contribuiu para a redução dos tempos de deslocamento, resultando em melhorias significativas nas travessias do Rio Hudson e do Rio East, com tempos de viagem reduzidos em até 30%. Também houve um crescimento no número de passageiros do metrô desde o início da cobrança.
O representante democrata de Nova York, Jerrold Nadler, descreveu a revogação da aprovação federal como uma ação que carece de precedentes e que não pode ser feita de forma arbitrária, especialmente considerando os benefícios tangíveis que o programa oferece. Por outro lado, o governador de Nova Jersey, Phil Murphy, que se opôs ao programa, elogiou Trump por suas iniciativas para interrompê-lo, alegando que o programa prejudica os passageiros de Nova Jersey ao gerar fundos excedentes para a MTA.
Os veículos particulares enfrentam essa cobrança através de dispositivos eletrônicos que leem as placas, sendo que a tarifa é cobrada uma única vez por dia, independentemente do número de acessos ao distrito comercial central. Outras cidades pelo mundo, como Londres, Cingapura e Estocolmo, já implementaram sistemas semelhantes de preços de congestionamento, com Londres cobrando atualmente 15 libras (cerca de US$ 18,70). Antes da introdução do pedágio, estima-se que mais de 700 mil veículos entravam diariamente na área central de Manhattan, resultando em uma média de velocidade de apenas 11 km/h, o que representa uma redução de 23% em comparação a 2010.