O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as recentes negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, que tiveram início na Arábia Saudita, por não contar com a presença de representantes ucranianos e da União Europeia. O Brasil também se posicionou contra o envio de tropas para uma possível força de paz internacional que poderia garantir segurança à Ucrânia, conforme anunciado por Lula em um evento no Palácio do Planalto, onde esteve acompanhado pelo primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro.
Montenegro expressou preocupação com as iniciativas de negociação lideradas pelo ex-presidente americano Donald Trump, ressaltando a necessidade de envolver ambos os países em conflito para alcançar a paz. Lula concordou, enfatizando que não é viável iniciar diálogos que considerem apenas a perspectiva de Vladimir Putin, o presidente da Rússia. Ele destacou que é crucial envolver tanto Putin quanto o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em um processo de negociação que busque um consenso para restaurar a paz.
O presidente brasileiro afirmou que o Brasil tem um histórico de promover a paz e, por essa razão, repudiou a invasão da Ucrânia, além de posicionar-se contra a violência em Gaza e os bloqueios econômicos a países como Venezuela e Cuba. Lula reafirmou que o Brasil não enviará soldados para o Leste Europeu, reforçando seu compromisso com a diplomacia.
A preocupação entre os líderes europeus aumenta em relação a possíveis concessões feitas por Trump à Rússia nas tentativas de estabelecer um acordo de paz. Mesmo assim, Trump insiste que seu objetivo principal é alcançar a paz para resolver o conflito que se intensificou na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Após uma longa conversa entre Trump e Putin, o secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que restaurar a integridade territorial da Ucrânia por meio de um armistício é “irrealista” e desviou a responsabilidade de garantir segurança para a Ucrânia para a Europa.
Nesta quarta-feira, Zelensky rejeitou a ideia de fazer concessões substanciais à Rússia, afirmando que a população ucraniana não aceita tal proposta. Ele reiterou que Moscou deve ser considerada a “parte culpada” pelo conflito, afirmando que não é possível ignorar sua responsabilidade. O presidente ucraniano destacou que há uma falta de confiança por parte dos ucranianos em Putin e pediu garantias claras de segurança, incentivando a visita de representantes americanos para que possam testemunhar a realidade do conflito.
Zelensky desafiou o enviado de Trump, Keith Kellogg, a se deslocar por Kiev e outras áreas afetadas, sublinhando os danos extensivos na cidade, onde parte significativa da infraestrutura foi destruída. Ele indicou que é fundamental que Kellogg entenda as percepções dos ucranianos em relação às declarações de Trump e as implicações da guerra em seu país.