22 fevereiro 2025
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Gerdau Envia Mensagem Clara ao Governo Brasileiro Sobre Aço Chinês

A Gerdau, maior produtora de aço do Brasil, solicitou ao governo brasileiro que implemente de maneira ágil medidas rigorosas para a defesa da indústria nacional, comparáveis às ações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma tarifa de 25% sobre o aço importado. A empresa ressalta que atualmente não existem ações eficazes para limitar a entrada do aço chinês no mercado brasileiro. A Gerdau estabeleceu um período até o final do primeiro trimestre para receber uma resposta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva antes de reconsiderar seus investimentos no país.

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, declarou que a urgência é necessária para confirmar a continuidade dos investimentos nos próximos anos, uma vez que essa decisão depende de possíveis ações governamentais para neutralizar a concorrência desleal no setor. Ele expressou preocupação com a falta de iniciativas que possam reduzir o impacto do aço importado, que é comercializado a preços inferiores ao custo do aço nacional.

Werneck enfatizou a frustração diante da lentidão do governo em tomar providências de proteção comercial. A presença do aço importado no mercado brasileiro aumentou consideravelmente, atualmente representando cerca de 20% do total, um índice que dobrou em relação ao histórico de 10%. Desses volumes, quase 70% é originário da China. O CEO destacou que competir com preços de aço importado inferiores aos custos de produção local é inviável, sublinhando a importância de ações práticas para garantir a equidade no mercado, assim como os Estados Unidos já estão fazendo.

Ele também criticou a noção de proteção, afirmando que o desejo da indústria é por condições justas de competição. A Gerdau, com uma longa trajetória de 124 anos, está preocupada com a sua competitividade, visando um ambiente comercial igualitário. Em 2024, o Brasil impôs cotas de importação para produtos de aço, porém a empresa argumenta que essas medidas dificultaram a competitividade no mercado local e impactaram negativamente suas receitas.

Diante da falta de medidas adequadas por parte do governo, a Gerdau decidiu suspender operações na unidade de Barão do Cocais, em Minas Gerais, em maio do ano anterior, devido à inviabilidade de produção. A empresa redirecionou a produção para outras unidades a fim de melhorar a eficiência de custos. O CFO, Rafael Japur, apontou que, na avaliação da empresa, uma concorrência mais justa poderia resultar em um aumento de 10% no volume de vendas de aço no Brasil.

Apesar dos desafios, a Gerdau planeja inaugurar um laminador de bobinas a quente em Ouro Branco (MG) em março, aumentando a capacidade de laminação em 250 mil toneladas de aço. Entretanto, Werneck reconhece a dificuldade de viabilizar as vendas nesse novo cenário devido à concorrência de produtos importados.

Em contraste, nos Estados Unidos, a Gerdau vê um panorama mais favorável. A empresa pretende otimizar a utilização de 30% de sua capacidade ociosa para expandir sua participação no mercado americano, o que pode resultar em um incremento de 1 milhão de toneladas de aço anuais. Para 2024, a siderúrgica investiu R$ 6,2 bilhões, com 46% destinados à manutenção e 54% a projetos de expansão e inovação tecnológica, além de projetos de investimento de R$ 6 bilhões previstos para este ano.

Apesar dos obstáculos, a empresa mantém expectativas de crescimento. No último ano, destinaram R$ 1,7 bilhão em dividendos aos acionistas da Gerdau S.A. e R$ 461 milhões aos acionistas da Metalúrgica Gerdau S.A. Em 2024, foram recompradas 69,8 milhões de ações ordinárias, representando 3,4% do total. Para o ano em curso, estão previstas recompras equivalentes a 3,2%.

A receita líquida da Gerdau em 2024 totalizou R$ 67 bilhões, refletindo uma queda de 2,7% em relação a 2023, enquanto o lucro líquido foi de R$ 4,3 bilhões, com uma redução de 37,5%. As ações da empresa na B3 apresentaram uma desvalorização de 4,04% nos últimos 12 meses, com uma avaliação atual de R$ 34,7 bilhões.

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