A intensidade e a rapidez com que Donald Trump tem direcionado elogios ao presidente russo, Vladimir Putin, antes mesmo da realização de negociações para a resolução do conflito na Ucrânia, têm surpreendido até mesmo indivíduos com vínculos ao governo russo. Vladimir Milov, ex-vice-ministro de Energia da Rússia, expressou essa avaliação durante uma entrevista à CNN.
Milov relatou que, com base em suas observações, os líderes em Moscou estão atônitos com as concessões que receberam antes de qualquer diálogo ser iniciado. Ele descreveu a situação como um “resultado chocante”, mesmo considerando os padrões de negociação estabelecidos por Vladimir Putin.
Recentemente, Trump reiterou argumentos previamente defendidos apenas por Moscou. Em uma de suas declarações, ele qualificou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como um “ditador sem eleições”, aludindo ao fato de que seu mandato expirou em maio do ano anterior sem a realização de novas eleições devido ao estado de guerra. Trump também sugeriu que a Ucrânia teria parte da responsabilidade pelo conflito atual.
Em resposta, Zelensky criticou Trump por viver em uma “bolha de desinformação” e por acreditar nas “mentiras” propagadas pela Rússia. O presidente ucraniano afirmou que não aceitaria um acordo de paz que o excluísse das negociações e acusou os Estados Unidos de terem contribuído para a reintegração da Rússia no cenário internacional após a invasão da Ucrânia. Zelensky já havia expressado sua insatisfação por ter sido mantido fora das discussões, enquanto Trump o responsabilizava por continuar o conflito ao não estabelecer um entendimento com Putin.
Após uma conversa telefônica de noventa minutos entre Trump e Putin, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, declarou que seria “irrealista” restaurar a integridade territorial da Ucrânia durante um armistício e descatou a possibilidade de o país ingressar na Otan, transferindo a responsabilidade por garantias de segurança para a Europa. Isso implica que as negociações estariam sendo iniciadas sob os termos propostos por Putin.
As exigências da Rússia têm aumentado recentemente, conforme observou Milov, que destacou a “clara encorajamento” de Moscou resultante da hesitação de Trump em estabelecer condições para a Rússia durante as discussões. Em meio a esse cenário, líderes europeus expressam crescente preocupação com a possibilidade de Trump estar fazendo concessões excessivas à Rússia em sua busca por um acordo com a Ucrânia, que ele prometeu concluir antes de tomar posse. O republicano mantém que seu principal objetivo é a “paz”, buscando a resolução do maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.