Quase 10% da população americana se identifica como LGBTQIA+, de acordo com uma pesquisa realizada pela Gallup em 2024 e divulgada recentemente. Esse número, que apresenta um crescimento contínuo desde 2012, quando estava em cerca de 3%, reflete um aumento de dois terços em comparação a 2020. Esse crescimento acontece em um contexto crítico para as políticas progressistas nos Estados Unidos, marcado por ações e legislações de figuras políticas que se opõem ao que é denominado como “cultura woke”.
O crescimento na identificação como LGBTQIA+ é especialmente significativo entre os jovens e as mulheres bissexuais, que estão na vanguarda dessa mudança. Entre os adultos da Geração Z, com idades entre 18 e 27 anos, quase um quarto se declara parte da comunidade LGBTQIAPN+, sendo que mais da metade desse grupo se identifica como bissexual. Em termos gerais, 1,3% dos entrevistados afirmam ser transgêneros, mais do que o dobro do percentual de 0,6% registrado em 2020. A proporção de indivíduos transgêneros é ainda mais alta na Geração Z, atingindo 4,1%, enquanto entre os millennials, entre 27 e 42 anos, esse número é de 1,7%.
Apesar dessa crescente aceitação da população LGBTQ+, o cenário é repleto de desafios. Desde o retorno à presidência, ações têm sido anunciadas para reverter políticas que têm por objetivo proteger a comunidade LGBTQ+. Uma das medidas divulgadas por Trump inclui a revogação do financiamento federal para escolas que abordarem a “ideologia de gênero” em seu currículo. Além disso, políticas que protegiam estudantes transgêneros contra discriminação foram desmanteladas, e houve determinações para a remoção de conteúdos relacionados ao tema LGBTQ+ de sites governamentais. Embora algumas dessas iniciativas tenham sido contestadas judicialmente, o impacto do ambiente político já é evidente.
Recentemente, o secretário da Saúde dos Estados Unidos anunciou que o governo adotará uma abordagem que define sexos de maneira clássica, utilizando termos como “masculino”, “feminino”, “homem” e “mulher”. Essa orientação descreve homem como uma pessoa cuja função biológica é produzir esperma e mulher como aquela cuja função é produzir óvulos. Essa diretriz reflete uma intenção de limitar a participação de mulheres transgênero em esportes femininos e desencorajar tratamentos de reafirmação de gênero, em oposição ao que é percebido como uma política progressista. Desde a posse em 20 de janeiro, foram emitidas ordens para que o governo forneça “orientações claras” sobre como o público deve compreender a definição de sexo.