A residência do ex-general do Exército José Antônio Belham foi palco de protestos nesta segunda-feira, 24. Belham, que foi líder do DOI-CODI durante o regime militar, é acusado de envolvimento na tortura, desaparecimento e assassinato do ex-deputado Rubens Paiva. Manifestantes do Levante Popular da Juventude se reuniram em frente ao seu prédio, situado na rua Marquês de Abrantes, no bairro do Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, vestidos de preto e portando cartazes exigindo justiça.
Durante a manifestação, foram exibidas imagens de Rubens Paiva e de outras vítimas da ditadura, como o estudante Edson Luís e a militante Helenira Resende. Os presentes clamaram por reconhecimento da memória histórica, verdade e justiça, e pediram também que a Lei da Anistia (Lei 6.683/1979) não seja aplicada a casos de desaparecimento e ocultação de cadáver.
O filme “Ainda estou aqui”, que retrata a história de Rubens Paiva e que se destacou nas bilheteiras e em indicações ao Oscar deste ano, trouxe à tona a urgência de abordar questões não resolvidas da ditadura militar, as quais são vistas como essenciais para a busca de justiça em relação a esse período sombrio da história brasileira.
No último domingo, 23, durante um bloco de carnaval em São Paulo, o filho de Rubens Paiva, Marcelo Rubens Paiva, foi alvo de hostilidade e agredido por um indivíduo que lançou um objeto contra ele durante o desfile. O evento gerou reações de repúdio por parte de diversos políticos nas redes sociais.
Em janeiro, o Ministério Público Federal intensificou a pressão sobre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que seja realizado o tombamento do antigo Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) no Rio de Janeiro. Esse local foi cenário de tortura e assassinato de muitos presos políticos, incluindo Rubens Paiva. O processo de tombamento está em andamento há mais de uma década e enfrenta resistência por parte dos militares. Atualmente, o local abriga o 1º Batalhão de Polícia do Exército do Rio de Janeiro.
