Uma nova espécie de opilião, classificada como Cajango ednardoi, foi descoberta na Reserva Biológica da Mata Escura, localizada em Minas Gerais. Essa identificação é marcada por características morfológicas que diferenciam essa espécie de outras do mesmo gênero e representa a primeira ocorrência deste grupo no estado. A descoberta faz parte de um acordo entre a Vale e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) voltado à proteção e monitoramento das espécies nativas, além de outras iniciativas de conservação na região, que destaca a biodiversidade local.
O Cajango ednardoi foi primeiramente registrado em abril de 2023, quando um monitor ambiental e um brigadista registraram a imagem do aracnídeo em um aplicativo de compartilhamento de informações sobre espécies. Posteriormente, o zoólogo associado ao Museu Nacional teve a oportunidade de identificar a nova espécie e teve um papel fundamental na organização de uma expedição dedicada ao estudo do aracnídeo. A observação inicial despertou grande interesse no meio científico, visto que representava uma oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre o gênero Cajango.
O opilião possui um corpo de tonalidade verde escuro, com espinhos visíveis em suas patas, e foi encontrado em altitudes que variam de 750 a 1.100 metros. Este ambiente montanhoso é inexplorado para outras espécies do mesmo gênero, o que pode sugerir adaptações únicas do Cajango ednardoi ao seu habitat. Além disso, a estrutura do fêmur IV nos machos mostra-se mais robusta do que a encontrada em parentes próximos, e suas características genitais distintas indicam que esta espécie pode representar um ramo mais antigo da linhagem evolutiva, contribuindo para a compreensão do desenvolvimento desse grupo de aracnídeos.
O nome Cajango ednardoi é uma homenagem a Ednardo Martins, cujo trabalho como monitor ambiental foi essencial para essa descoberta e que já possui um histórico relevante em conservação. A responsável pela Reserva Biológica da Mata Escura enfatizou a importância do monitoramento contínuo na região, que tem possibilitado o registro de novas espécies e ampliado o conhecimento acerca da biodiversidade local. Além de constituir um novo registro para Minas Gerais, a espécie expande a distribuição geográfica do gênero Cajango, que anteriormente estava restrito à Bahia. Descobertas dessa natureza são cruciais para preencher lacunas no conhecimento sobre a fauna de aracnídeos no Brasil e ressaltam a necessidade de pesquisas constantes para a identificação e preservação de espécies ainda desconhecidas. O monitoramento ambiental na Mata Escura continua em andamento, com a expectativa de que novas expedições revelem mais descobertas sobre o ecossistema local.