O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, intensificou suas críticas às grandes empresas de tecnologia durante uma aula inaugural na Faculdade de Direito da USP, ocorrida em 24 de setembro. Ele estabeleceu uma conexão entre o uso de algoritmos e as tentativas de desestabilização política pela extrema-direita no Brasil. O ministro enfatizou que as big techs não devem ser vistas como entidades neutras ou benevolentes, mas sim como conglomerados com interesses econômicos que buscam influenciar a economia e a política global, desrespeitando as fronteiras nacionais e as legislações locais em busca de poder e lucro.
Durante sua fala, Moraes destacou que o foco das grandes empresas de tecnologia é, essencialmente, financeiro. Ele alegou que essas empresas veem a democracia como um produto comercializável, afirmando que o discurso promovido por elas reduce atores políticos a meros produtos, comparando a venda de candidatos à venda de carro.
O ministro prosseguiu evidenciando que essas companhias têm sido utilizadas mundialmente para atentar contra os três pilares fundamentais da democracia. Ele assinalou que as big techs deslegitimam o jornalismo profissional, questionam a integridade dos processos eleitorais e atacam constantemente o poder Judiciário, similar ao que foi observado no bolsonarismo no Brasil.
Moraes abordou ainda como essas empresas capturam sentimentos de descontentamento em determinados segmentos da sociedade, convertendo redes sociais em ferramentas de manipulação em massa. Ele ressaltou que, globalmente, grupos extremistas tendem a afirmar que são defensores da democracia, mas na realidade, argumentam que somente uma democracia que os favorece é válida, usando essa retórica para justificar ações antidemocráticas.
Essas declarações ocorreram em um contexto de crescente tensão, especialmente após o confronto público com Elon Musk no ano anterior. Moraes se tornou alvo de ações judiciais nos Estados Unidos, sob a alegação de violar a soberania americana, em um processo movido pela Trump Media, empresa presidida por Donald Trump.
A disputa entre Moraes e Musk é considerada significativa, com potenciais repercussões consideráveis. Recentemente, Moraes havia suspendido a operação da plataforma Rumble no Brasil, assim como fez previamente com o “X”. Durante a sua aula, o ministro fez alusão ao desativamento de sua conta na antiga plataforma Twitter, enquanto o CEO do Rumble, Chris Pavlovski, acusou Moraes de tentar eliminar registros de suas atividades na rede social. Essa batalha legal e ideológica parece estar longe de um desfecho.
