O investidor americano Paul Singer é reconhecido por sua abordagem disciplinada e pelo rigoroso controle de riscos em suas operações. Desde a fundação da Elliott Management, em 1977, a empresa teve perdas em apenas dois anos. Com um patrimônio sob gestão de US$ 72 bilhões, Singer atribui esse desempenho à capacidade de evitar euforias e proteger o capital dos investidores. Segundo ele, o contexto atual exige uma postura ainda mais cautelosa.
Singer expressou suas preocupações ao afirmar que estamos vivendo um dos períodos mais arriscados para os mercados de ações que já presenciou. Ele indicou que a longa fase sem grandes eventos de mercado fez com que muitos investidores se tornassem complacentes, acreditando que sempre haverá uma intervenção para salvar o mercado, como ocorreu em crises anteriores em 1974, 1987 e 2008.
A elevada alavancagem tanto de empresas quanto de governos é um dos principais fatores de risco destacados por Singer. Durante a pandemia, além da manutenção de juros reais negativos, foram registrados déficits de gastos extraordinariamente altos, mesmo sem uma recessão real. Esse padrão de gastos continua a ser uma preocupação, exemplificado pelo déficit fiscal dos EUA, que ultrapassa 6% do PIB no atual ano fiscal.
Singer também observa que o excessivo otimismo do mercado se reflete nos preços das ações, em especial nas de empresas focadas em inteligência artificial, que se destacaram nos últimos anos. Ele acredita que as avaliações dessas empresas estão muito à frente do valor prático que elas oferecem atualmente aos usuários, considerando que, apesar das aplicações futuras, o otimismo é desproporcional.
O fundador da Elliott Management observa que as avaliações estão sendo impulsionadas por uma combinação de especulação, predomínio do investimento passivo e a crença de que os bancos centrais sempre irão intervir para estabilizar o mercado. Ele alerta que já houve longos períodos de complacência nos mercados de ações antes de correções, e considera que esta situação é evidente atualmente.
Além disso, Singer apresentou críticas às criptomoedas, que considera uma ameaça à soberania do dólar. Ele ressaltou que, à medida que os governos adotam criptomoedas, estão permitindo alternativas ao dinheiro soberano e que os EUA estariam, de certa forma, fomentando uma alternativa ao dólar, o que para ele é algo preocupante.