Na quinta-feira, 27 de outubro, a Amazon Web Services (AWS) anunciou o desenvolvimento de um chip de computação quântica que possui a capacidade de reduzir em até cinco anos o tempo necessário para a criação de um computador quântico que seja viável comercialmente. O chip, denominado Ocelot, é um protótipo que apresenta apenas uma fração do poder de computação requisitado para a construção de uma máquina funcional. Contudo, a empresa acredita ter alcançado uma tecnologia que pode ser convertida em uma máquina operacional, embora ainda não tenha divulgado uma data para essa realização.
A apresentação desse chip ocorre em um contexto onde a computação quântica está em expansão no setor tecnológico, com empresas como Alphabet, Microsoft e a startup PsiQuantum registrando avanços significativos nos últimos meses. Os computadores quânticos têm o potencial de realizar cálculos que levariam milhões de anos para serem feitos por computadores tradicionais, o que pode auxiliar pesquisadores no desenvolvimento de novos materiais, como baterias sustentáveis e fármacos. No entanto, um componente-chave desses computadores, conhecido como qubit, é caracterizado por sua rapidez, precisão e vulnerabilidade a erros.
Na década de 1990, pesquisadores concluíram que parte dos qubits em um computador quântico poderia ser utilizada para corrigir esses erros. Desde então, esforços têm sido direcionados para a construção de qubits físicos que seriam suficientes para garantir a operação eficaz de qubits “lógicos” capazes de realizar computações úteis. O entendimento predominante no setor indica que um chip pode necessitar de aproximadamente um milhão de qubits físicos para gerar uma quantidade útil de qubits lógicos.
Entretanto, a AWS afirma ter desenvolvido um protótipo de chip que utiliza apenas nove qubits físicos para gerar um qubit lógico funcional, por meio do uso de um tipo de qubit conhecido como “gato”, inspirado no famoso experimento mental do físico Erwin Schrödinger. Oskar Painter, diretor de hardware quântico da AWS, expressou que essa abordagem pode possibilitar, no futuro, a construção de computadores eficazes com somente 100.000 qubits, ao invés de um milhão.
“Essa tecnologia deve nos permitir utilizar de cinco a dez vezes menos qubits físicos para implementar a correção de erros em um sistema totalmente dimensionado. Esse é o verdadeiro benefício”, afirmou Painter a um veículo de notícias. “Acredito que haverá uma quantidade enorme de inovação, e isso pode acelerar os prazos de desenvolvimento. Se alcançarmos melhorias em termos de materiais e processos, a tecnologia subjacente se tornará consideravelmente mais simples”, complementou o portavoz da Amazon.