A recente nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do governo federal tem gerado um intenso debate no cenário político. Especialistas e deputados da oposição expressam preocupações de que a escolha da petista, reconhecida por sua postura rigorosa, possa complicar ainda mais as articulações políticas já desafiadoras do governo. Essa situação evoca um paralelo com 2011, quando Dilma Rousseff também nomeou Gleisi para a Casa Civil, o que resultou em um isolamento político e na eventual derrota de sua gestão.
Diversos deputados manifestaram sua desaprovação, com a deputada Silvia Waiãpi afirmando que a presença de Gleisi na articulação política pode exacerbar a tensão entre o governo e o Congresso. Segundo ela, o governo já enfrenta dificuldades em conseguir aprovar suas pautas e a escolha de Gleisi pode replicar os erros do passado, que levaram Dilma a um colapso em sua governança.
O deputado Sanderson foi categórico, ressaltando que a estratégia de Dilma ao optar por Gleisi resultou em sua falta de apoio, até mesmo entre os membros de seu próprio partido. Sanderson sugere que Lula está cometendo um erro semelhante ao manter a mesma abordagem em sua articulação política, ignorando a necessidade de fomentar o diálogo e garantir a governabilidade.
O deputado Rodrigo Valadares também alertou para os riscos de uma crise política, sustentando que a decisão de centralizar a articulação política com Gleisi pode provocar reações adversas no Congresso, semelhante ao que ocorreu anteriormente durante o governo Dilma. Essa repetição de estratégia pode resultar em consequências ainda mais negativas para a atual administração.
Na bancada do agronegócio, o deputado Rodolfo Nogueira criticou a escolha, apontando que Gleisi não possui o perfil adequado para a articulação política. Segundo Nogueira, a experiência de sua atuação no governo Dilma foi negativa e, se as relações entre o Planalto e o Congresso já se encontram deterioradas, a situação pode se agravar com sua nomeação.
Gleisi Hoffmann também é alvo de críticas por suas posições em relação à postura da ala econômica do governo, em particular em relação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à taxa de juros definida pelo Banco Central. Enquanto isso, aliados de Lula acreditam que a nova ministra poderá alterar sua postura em futuras interações.
Em um contraponto a essa visão, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, confirmou ter recebido a informação sobre a nomeação de Gleisi diretamente de Lula. Motta declarou que sempre manteve uma boa relação com a deputada e desejou sucesso em sua nova função. No mercado financeiro, a resposta à nomeação de Gleisi foi imediata; após o anúncio, o dólar foi cotado próximo de R$ 5,90, evidenciando a apreensão dos investidores em relação à nova configuração ministerial.
