O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou em entrevista à rede de TV americana Fox News que o país não irá iniciar negociações de paz com a Rússia até obter garantias de que não será alvo de novas ofensivas por parte do governo russo. Zelensky comentou sobre um desentendimento recente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ressaltou que a Ucrânia não pode modificar sua postura em relação à Rússia de forma súbita, descrevendo os russos como “assassinos”. Ele reforçou a importância das relações com os Estados Unidos e a Europa, enquanto definiu a Rússia como uma ameaça, embora ressalvasse que isso não implica em uma recusa a buscar a paz.
Zelensky expressou um desejo de que Trump fosse mais solidário à Ucrânia, uma vez que o país está sob invasão russa, ao invés de se posicionar como mediador em negociações de paz. Ao ser questionado sobre a possibilidade de restaurar a relação com o presidente americano, ele respondeu positivamente. A expectativa sobre a reunião entre Trump e Zelensky foi ofuscada por um tenso confronto durante o encontro, resultando no cancelamento da coletiva de imprensa programada e na assinatura de um acordo sobre a exploração de minerais na Ucrânia, que era uma exigência de Trump em troca do apoio militar dos EUA a Kiev.
Após o encontro, Trump se manifestou nas redes sociais, acusando Zelensky de “desrespeitar” os Estados Unidos e afirmando que o ucraniano só poderia retornar à Casa Branca quando estivesse preparado para a paz. Trump indicou que não acredita que Zelensky esteja pronto para esse objetivo, uma vez que o presidente da Ucrânia sente que a assistência americana lhe proporciona uma vantagem nas negociações.
Zelensky esteve em Washington para firmar um acordo que concederia a empresas americanas acesso prioritário às reservas de minerais raros na Ucrânia. O país possui depósitos significativos de vários minerais classificados como “críticos”, incluindo aqueles essenciais para a indústria e construção, além de grafite, que é fundamental para baterias de veículos elétricos. O acordo previa a criação de um fundo de investimento para reconstrução, baseado em receitas de recursos ucranianos, onde Kiev contribuiria com metade da receita até atingir um total de 500 bilhões de dólares.
Entretanto, o tenso diálogo entre Trump e Zelensky no Salão Oval prejudicou os planos do acordo. Ao ser questionado sobre a inquietação dos aliados da Otan em relação à política expansionista da Rússia e às concessões americanas a Moscou, Trump minimizou as preocupações e atacou a Ucrânia, afirmando que pretendia ser um intermediário para a paz, ao mesmo tempo em que sugere que tanto a Rússia quanto a Ucrânia deveriam estar alinhadas com seus interesses.
Durante a reunião, Trump disse a Zelensky que ele deveria agradecer ao governo dos EUA e acusou-o de correr o risco de provocar uma nova guerra, ao que Zelensky respondeu, pedindo cautela nas negociações com “assassinos” e destacando a necessidade de salvaguardas em um eventual acordo de paz. Trump, em um tom abrupto, interrompeu Zelensky durante uma resposta e fez comentários sobre a impossibilidade de a Ucrânia vencer a guerra sem um acordo.
Além disso, o vice-presidente dos EUA criticiou Zelensky por suas observações negativas sobre o governo Trump, afirmando que o líder ucraniano não deveria ditar como os americanos deveriam se posicionar. Embora Trump tenha elogiado a coragem das forças armadas ucranianas, ele reiterou que qualquer acordo sobre os minerais exigiria concessões da Ucrânia, enfatizando que acordos dessa natureza não são possíveis sem compromissos de ambas as partes.
No desenlace da reunião, Trump fez uma ameaça clara a Zelensky, afirmando que o presidente ucraniano precisa firmar um acordo ou corre o risco de perder o suporte americano. Ele argumentou que, sem a assistência dos EUA, a posição da Ucrânia seria consideravelmente mais vulnerável e concluiu reafirmando a necessidade de um entendimento favorável para ambas as partes antes de encerrar o encontro.
