sexta-feira, janeiro 31, 2025
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A Ciência por trás das Obras de George R.R. Martin

Um estudo recente divulgado no American Journal of Physics, em 23 de novembro, apresenta uma análise original do universo fictício de Wild Cards, criado por George R.R. Martin. Em vez de considerar apenas os superpoderes como uma mera fantasia, os pesquisadores investigaram as fundamentações científicas que poderiam apoiar as notáveis transformações dos personagens.

A pesquisa toma como ponto de partida o vírus “carta selvagem”, que, ao se manifestar em portadores latentes, resulta em três possíveis consequências: 90% de taxa de mortalidade, 9% de mutações físicas, conhecidas como “jokers”, e 1% de habilidades super-humanas, denominadas “aces”.

Os autores do estudo questionam essa distribuição que parece ser imposta ao acaso, procurando um modelo matemático que a justifique. Assim, eles sugerem um modelo polar que envolve duas variáveis: a severidade (S) e o ângulo de mistura (θ). A severidade indica o nível de transformação causada pelo vírus, enquanto o ângulo de mistura caracteriza a proporção entre “jokers” e “aces” em cada pessoa.

Um aspecto central do modelo é a noção de que o estado de cada portador latente evolui de maneira dinâmica em um espaço polar, até que a “carta” revele seu efeito. Essa evolução é definida como uma trajetória ergódica, o que implica que, ao longo do tempo, o vetor de estado percorre todas as áreas do espaço, possibilitando que as probabilidades de cada resultado estejam relacionadas ao tempo que o vetor de estado passa em diversas regiões do espaço.

A importância da ergodicidade
Essa metodologia permite correlacionar a distribuição estatística dos resultados virais com a trajetória dinâmica do vetor de estado do vírus, mantendo a proporção 90:9:1. O modelo especifica condições sob as quais a trajetória do vetor de estado pode levar a essa proporção, mesmo levando em conta a presença de “crypto-jokers” e “crypto-aces”, que são portadores com manifestações discretas da doença, difíceis de identificar.

A pesquisa culmina na formulação de uma lagrangiana, uma função matemática que compreende toda a dinâmica do sistema viral. Esta abordagem transforma um problema que poderia parecer vago em uma expressão clara da dinâmica clássica. Assim, as trajetórias do vetor de estado são determinadas a partir de equações diferenciais derivadas da Lagrangiana, e a análise demonstra que a mecânica lagrangiana pode refutar certos modelos do sistema.

Implicações e etapas futuras
O estudo não apenas oferece uma perspectiva científica para um universo de ficção, mas também ressalta a versatilidade dos conceitos físicos em contextos teóricos. Os pesquisadores sugerem que esse modelo pode funcionar como um exercício educativo para alunos avançados de física, incentivando a utilização de ferramentas matemáticas e físicas na resolução de problemas complexos e abertos.

Além disso, a pesquisa levanta questões intrigantes, como a necessidade de uma fonte de energia para as habilidades dos “aces”, a discordância entre a baixa taxa de mortalidade por infecção e a presença de “aces” poderosos, a viabilidade de outros modelos com menos variáveis livres, e a possibilidade de conduzir experimentos para testar as teorias propostas.

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