domingo, fevereiro 2, 2025
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A conexão entre políticos cearenses e a facção Guardiões…

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Um inquérito conduzido pela Polícia Federal (PF) investiga denúncias relacionadas ao desvio de recursos provenientes de emendas parlamentares e à compra de votos no Ceará durante as eleições do último ano. As investigações revelaram indícios de ligações entre a política local e a facção Guardiões do Estado (GDE), uma das mais notórias organizações criminosas do Nordeste. Apesar de os investigadores ainda não terem definido claramente a extensão dessa conexão, o material já apurado sugere um alto nível de infiltração do crime organizado na esfera política municipal. O GDE ganhou notoriedade nacional em 2017, quando foi responsável pela maior chacina da história do Ceará, resultando na morte de 14 pessoas. Esta facção controla rotas de tráfico de drogas na região e opera “tribunais” internos nos presídios, decidindo sobre a vida ou a morte de indivíduos.

As investigações acerca dessa ligação começaram ao analisar suspeitas de que o deputado federal Júnior Mano (PSB) estaria utilizando recursos desviados para financiar campanhas eleitorais em 50 cidades do Ceará. De acordo com a Polícia Federal, diversas prefeituras orientavam licitações em favor de empresas que pertencem a aliados do deputado, e parte do dinheiro que deveria ser destinado a obras era redirecionado para o financiamento de campanhas políticas. Em Canindé, situada a 120 quilômetros de Fortaleza, o grupo próximo a Júnior Mano conseguiu eleger o prefeito Professor Jardel (PSB). A polícia já considera que houve compra de votos na localidade e indicou Carlos Alberto de Queiroz Pereira, apelidado de Bebeto do Choró, como um dos responsáveis pela articulação. Durante o período eleitoral, opositores do Professor Jardel reportaram à polícia que estavam sofrendo ameaças anônimas, as quais teriam origem de uma mulher que liderava seu comitê eleitoral, identificada por vínculos com o tráfico de drogas e relacionada aos GDE.

Além disso, o documento elaborado pela Polícia Militar do Ceará, que faz parte do inquérito e que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por envolver um deputado, aponta que várias fotos com o número do candidato e a mensagem “sou GDE 7.4.5 e voto 40” circularam no distrito. A PM também informa que a mulher em questão possuía ligações com Bebeto do Choró, e que ela chegou a ganhar um veículo por ter convencido membros da família a votarem no Professor Jardel. Ao ser contatado, Júnior Mano afirmou que o inquérito encontra-se em sigilo e não irá se pronunciar.

De acordo com Luiz Fábio Silva Paiva, professor de sociologia da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), a aproximação entre o crime organizado e a política é uma consequência da luta por territórios. Ele enfatiza que essas organizações não se restringem apenas ao tráfico de drogas, mas também atuam em negócios formais, o que proporciona à facção membros que se tornam figuras respeitáveis e influentes no cenário eleitoral.

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