15 abril 2025
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A Estratégia de Zema ao Homenagear Hugo Motta: Um Tempo Perfeito

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, escolheu o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, como o principal homenageado da cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência 2025, considerada a mais alta honraria do estado. Essa escolha se revelava previsível, uma vez que Motta assumiu a presidência do Legislativo federal no início do ano, embora a temporalidade da homenagem tenha gerado discussões.

Motta deverá receber a medalha em um momento delicado, já que enfrenta intensa pressão de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que demandam a votação de um Projeto de Lei que visa anistiar aqueles condenados por atos de vandalismo nos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023. Em meio a essa resistência, Motta sofreu ataques de aliados bolsonaristas em um ato pela anistia realizado na Avenida Paulista, onde o pastor Silas Malafaia se destacou por suas críticas diretas ao parlamentar.

Sob forte pressão, Motta tem buscado encontrar uma solução de compromisso. Recentemente, ele se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir a questão, enquanto o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, anunciou que já havia reunido o número mínimo de assinaturas necessárias para que o projeto fosse analisado diretamente pelo plenário, aumentando a responsabilidade do presidente da Casa em relação à decisão.

Se Motta aceitar a honraria, cuja cerimônia está agendada para o dia 22 deste mês na histórica cidade de Ouro Preto, ele se encontrará em um momento de grande tensão com os bolsonaristas, já que a foto ao lado de Zema pode ter um efeito contrário ao que o governador busca. Essa situação poderá complicar os planos políticos de Motta para o futuro.

Zema, que foi eleito em 2018 durante a onda bolsonarista e atualmente está em seu segundo mandato, tem se movimentado para consolidar sua trajetória política após o fim de seu mandato. Embora sua postura não esteja completamente alinhada ao bolsonarismo, ele é considerado uma potencial opção da direita para a eleição presidencial de 2026 e também tem sido mencionado como um possível candidato ao Senado. Para qualquer que seja sua ambição política, será necessário conquistar o apoio dos eleitores bolsonaristas.

Além disso, a entrega da medalha a Motta representa um movimento político que contraria as declarações anteriores de Zema, que em seu primeiro ano de governo expressou a intenção de acabar com homenagens oficiais. Em uma postagem nas redes sociais em abril de 2019, Zema afirmou que o produto de tais solenidades gerava gastos desnecessários ao governo.

Na ocasião, o governador destacou a importância de reduzir custos desnecessários e argumentou que não fazia sentido manter tantas cerimônias e homenagens. Ele mencionou que, por lei, existem 11 tipos de medalhas diferentes, as quais acarretaram mais de 3 milhões de reais em despesas somente no ano de 2018. Contudo, nos anos subsequentes, Zema continuou a realizar a entrega das medalhas, honrarias que no último ano foram concedidas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, à senadora Tereza Cristina, ao ex-jogador Ronaldo, ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ao senador Irajá. Dentre esses homenageados, apenas os últimos dois compareceram à cerimônia.

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