Moradores de rua são protagonistas de uma realidade alarmante no Brasil, refletindo a falência de políticas públicas. Recentemente, um levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que a população em situação de rua no país ultrapassa 335 mil indivíduos, o que representa um aumento de quase 2% em apenas dois meses. Esta situação não se trata de um fenômeno isolado ou temporário, mas sim de uma condição persistente e invisível nas prioridades dos governantes. Dados mostram que 81% desses indivíduos têm menos de R$ 110 por mês à disposição, enquanto cerca de 90% estão na faixa etária mais produtiva, entre 18 e 59 anos. Além disso, sete em cada dez moradores de rua são negros, e mais da metade não completou o ensino fundamental.
Esse grupo vulnerável carece de status social e visibilidade política, predominando em áreas urbanas da região Sudeste, a mais rica do Brasil. São Paulo se destaca, com 96 mil pessoas em situação de rua, seguida por Rio de Janeiro (21 mil), Belo Horizonte (14 mil) e as cidades de Fortaleza e Salvador, ambas com mais de 10 mil. Apesar da gravidade desse quadro, a pesquisa da UFMG indica que a situação caótica pode ser revertida, com destaque para João Pessoa, que apresentou apenas 953 pessoas em situação de rua, o menor índice entre as capitais do Nordeste, representando apenas 0,11% da sua população.
A capital paraibana tem implementado ações intersetoriais, como o programa Ruartes, que promove uma abordagem social nas ruas, e os Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro Pop). Apesar da necessidade de aprimoramento desse modelo, ele demonstra que políticas públicas eficazes podem levar à redução de problemas sociais. A experiência de um município com recursos limitados, que consegue lidar com a situação de maneira racional e coordenada, sugere que as grandes capitais do Brasil deveriam seguir esse exemplo e enfrentar a crise de maneira proativa.