A freira franco-argentina Genevieve Jeanningros, de 81 anos, atraiu a atenção ao se aproximar do caixão do papa Francisco, no início do velório realizado na Basílica de São Pedro, na quarta-feira, 23. Durante a cerimônia de início do funeral, presidida pelo camerlengo Kevin Farrell, cardeais e outros clérigos formaram uma fila para prestar suas homenagens. Um segurança auxiliou a freira a se aproximar do corpo, permitindo que ela passasse ao lado da fila e passasse alguns minutos observando o papa, momentos que foram acompanhados por suas lágrimas.
Esse gesto foi interpretado como uma violação do protocolo, que tradicionalmente reservava essa oportunidade para cardeais, bispos e sacerdotes. Conhecida pelo seu trabalho em prol da comunidade LGBTQIA+, Jeanningros promoveu encontros entre o papa e grupos marginalizados. De acordo com informações do Vaticano, a freira está vinculada à Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus e atua há 56 anos dentro de comunidades LGBTQIA+.
A relação entre a freira e o papa teve início logo após a eleição de Francisco. Jeanningros escreveu para ele contando sobre sua tia missionária, Léonie Duquet, que desapareceu na Argentina durante o regime militar. Desde esse contato inicial, a troca de correspondências entre eles nunca cessou.
Além do intercâmbio de cartas, Jeanningros também costumava trazer empanadas feitas por argentinas para o papa. A Santa Sé informou que a freira visitava a Praça de São Pedro todas as quartas-feiras para cumprimentar Francisco e facilitar o encontro dele com diferentes grupos de pessoas, incluindo nômades, ciganos, circenses, transgêneros e casais de diversas orientações sexuais.
Em uma dessas ocasiões, ela possibilitou o encontro entre a família de um médico americano gay que faleceu de Covid-19 enquanto trabalhava durante a pandemia. O funeral do médico tinha sido recusado em uma igreja devido à sua orientação sexual. Através de uma irmã dos Estados Unidos, a família foi a Roma e teve a oportunidade de receber a bênção do papa, o que trouxe um novo sentido de esperança para eles.
Jeanningros também recebeu Francisco em diversas ocasiões na cidade de Óstia, onde reside e compartilha um trailer com a irmã Anna Amelia. No ano passado, durante uma audiência geral no Vaticano, a freira teve novamente a oportunidade de cumprimentar o pontífice, reafirmando sua conexão contínua e seu trabalho em prol da inclusão e dignidade para todos.