19 abril 2025
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A Inteligência Artificial Pode Eliminar Seu Emprego? Descubra a Verdade!

“As notícias sobre minha morte foram claramente exageradas.” Em maio de 1897, o escritor Mark Twain expressou, de maneira irônica, sua surpresa ao ler seu próprio obituário em um jornal. Analogamente, os frequentes anúncios sobre o fim drástico dos empregos devido à ascensão da inteligência artificial (IA) parecem igualmente exagerados. Estudos recentes sobre o tema, realizados após a pandemia e a popularização de tecnologias como o ChatGPT, ajudam a apaziguar esses temores. É fato que diversas funções desapareceram e muitas outras estão ameaçadas. Entretanto, a tecnologia também abre novas oportunidades, assim como ocorreu em outros momentos da história. Este é um período crucial, onde as decisões afetarão empresas, jovens em busca de trabalho e suas escolhas educacionais. Por isso, é vital entender a IA.

Um estudo do Fórum Econômico Mundial, conhecido como Future of Jobs 2025, baseado na perspectiva de 1.000 empregadores de 22 setores que representam mais de 14 milhões de trabalhadores globalmente, traz dados significativos: até 2030, 22% dos empregos poderão ser eliminados, totalizando 92 milhões de postos. No entanto, estima-se que 170 milhões de novas funções surgirão com as inovações tecnológicas ainda não existentes. As ocupações rotineiras e que dependem de regras rígidas estão entre as mais vulneráveis. Por outro lado, profissões que exigem habilidades interpessoais, sensibilidade e competências de comunicação estão mais protegidas. Por exemplo, atendentes de telemarketing e corretores de seguros poderão ser substituídos, enquanto assistentes sociais e artistas devem continuar em demanda. O Goldman Sachs prevê que 46% das funções administrativas e 44% das atividades jurídicas podem ser automatizadas na próxima década. Já nos setores financeiro e jurídico, tarefas como análise de contratos, detecção de fraudes e consultoria financeira estão cada vez mais sendo realizadas por sistemas de IA. O empresário Bill Gates sugere a possibilidade de uma jornada de trabalho de dois dias em dez anos, devido à digitalização crescente.

É importante evitar decisões apressadas sobre o futuro do emprego, em vez disso, é essencial entender as direções na qual a tecnologia está nos levando. Yoshua Bengio, um respeitado pesquisador canadense, argumenta que “atividades complexas continuarão a ser realizadas por seres humanos”, sublinhando que a IA pode ser uma ferramenta valiosa em diversos campos, mas a sua aplicação conforme as necessidades da civilização ainda depende exclusivamente da criatividade humana. A filósofa Shannon Vallor, em seu livro “The AI Mirror”, alerta que o verdadeiro risco não é a substituição de pessoas por máquinas, mas sim a estagnação da espécie humana ao abdicar da tomada de decisões e da busca ativa por soluções.

Antes destes arranjos baseados em dados, havia uma expectativa apocalíptica sobre a eliminação de até 60% das ocupações em um mundo dominado por autômatos. No entanto, um estudo recente da consultoria McKinsey revela que um aumento na produtividade global pode expandir a economia em 4 trilhões de dólares nos próximos 35 anos, resultando em mais empregos do que os existentes atualmente. O professor Álvaro Martins, da FGV em São Paulo, destaca que estamos vivendo uma transformação comparável à introdução dos computadores pessoais nas décadas de 1970 e 1980, assim como a revolução trazida pela internet nos anos 2000.

Há aqueles que veem a IA como um passo além das inovações anteriores, posicionando-a como um símbolo da quarta Revolução Industrial. Essa revolução se diferencia das anteriores, que trouxeram inovações como o motor a vapor, a eletricidade e os computadores, ao integrar o mundo físico, digital e biológico. O futurólogo Ray Kurzweil estima que a inteligência não biológica poderá superar a humana em um bilhão de vezes em termos de velocidade de processamento até 2040. Desde 1999, os avanços tecnológicos têm sido impressionantes, com a capacidade de chips de computadores aumentando de 800.000 cálculos por segundo para 58 bilhões por dólar.

Os especialistas, porém, não acreditam que os temores sobre empregos sejam tão severos. Exemplos de robôs, como um policial e um cão robô apresentados no GP da Fórmula 1 da China, ainda soam como ficção científica, apesar de algumas aplicações já estarem em uso. Na indústria automobilística, enquanto robôs podem substituir trabalhadores, eles ainda dependem da supervisão humana. Adriano Blanaru, da consultoria PPFX Labs, ressalta que “a IA não pode ser ignorada,” e que estamos em um ponto de não retorno, onde a tecnologia já faz parte de nossa realidade.

A discussão sobre a substituição de empregos por máquinas parte de uma premissa simplista: se as máquinas podem simular o raciocínio humano. Na verdade, tecnologias de IA já realizam esse papel com relativa eficácia. Alan Turing, em 1950, sugeriu uma forma de avaliar a inteligência das máquinas, propondo que se considerasse inteligente um computador que pudesse enganar um humano. Erik Brynjolfsson, professor da Universidade de Stanford, enfatiza que os computadores devem ser vistos como aliados dos humanos, não meras cópias de nossas capacidades. É preciso abordar a IA como uma nova ferramenta, assim como o fez Henry Ford ao criar o modelo T, que revolucionou a indústria automobilística.

O receio em relação ao futuro do trabalho não é novo. Há dois séculos, os tecelões de Nottingham se opuseram à introdução do tear mecânico, temendo a perda de suas ocupações. Com o tempo, esse grupo resistiu à mudança com greves e ações diretas, liderados por uma figura icônica chamada Ned Ludd. Repetir um movimento similar em relação à IA seria uma abordagem infrutífera. Ana Ligia Finamor, da FGV, destaca a importância de saber refletir criticamente sobre a tecnologia e distinguir suas aplicações benéficas.

As propostas para regulamentar o uso da IA no mercado de trabalho começam a surgir. A educação já está se adaptando, preparando os alunos para a realidade que se aproxima. O Colégio Bandeirantes, por exemplo, desenvolveu orientações para professores sobre os usos adequados da IA. O diretor de tecnologia educacional do colégio, Emerson Bento Pereira, enfatiza que “é uma realidade inescapável”, e introduzirá o tema no currículo.

Outra resposta que se destaca é o investimento financeiro por parte dos governos. Com a IA se tornando uma parte inseparável da economia, as nações estão se mobilizando para garantir acesso a essa tecnologia. A corrida pela liderança em IA é comparada à Guerra Fria, com os Estados Unidos e a China competindo intensamente. A China anunciou um fundo estatal de capital de risco de 138 bilhões de dólares voltado para áreas tecnológicas avançadas, enquanto os Estados Unidos destinaram 500 bilhões de dólares para pesquisa em desenvolvimento de IA, semelhante ao Projeto Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica.

As grandes empresas de tecnologia estão se envolvendo cada vez mais nesse debate, buscando garantir sua participação nas futuras patentes que a IA pode gerar. A forma como a sociedade lida com a IA agora determinará o futuro do mercado de trabalho. A ironia de Twain sobre sua própria mortalidade ressoa profundamente, trazendo à tona a necessidade de embrazar o futuro com uma visão otimista sobre o potencial de crescimento profissional.

O futuro foi frequentemente imaginado em obras de ficção, como no icônico desenho “Os Jetsons”, que apresentou o robô doméstico Rose, símbolo do suporte tecnológico em casa. Porém, essa realidade ainda está distante, mesmo com os avanços na IA. Apesar de protótipos como o Neo, um humanoide apresentável da empresa americana 1X, que realiza algumas tarefas simples, a tecnologia atual não está pronta para se integrar plenamente ao cotidiano familiar de forma segura e ética. A necessidade por desenvolvimento e ajustamento é significativa.

Especialistas indicam que levará pelo menos dez anos para que robôs realmente funcionalizados entrem no cotidiano das famílias. Atualmente, a tecnologia ainda não corresponde ao imaginário que a criatividade humana pode proporcionar. Portanto, a discussão sobre a IA e seu papel na sociedade permanece complexa, com desafios e oportunidades a serem explorados nos próximos anos.

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