1 abril 2025
HomeNegóciosA Perspectiva Ausente na Discussão sobre Política Fiscal

A Perspectiva Ausente na Discussão sobre Política Fiscal

Ao falecer em 11 de abril de 2022, em decorrência de um câncer no cérebro, aos 56 anos, Eduardo Guardia deixou um legado significativo para a economia brasileira, especialmente na área de política fiscal, após cerca de três décadas de atuação tanto no setor público quanto no privado. Formado em economia pela PUC-SP, Guardia também possuía mestrado pela Unicamp e doutorado pela USP. Além de sua carreira acadêmica, exerceu a função de secretário do Tesouro Nacional entre maio e dezembro de 2002, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, onde foi responsável pela gestão das finanças públicas.

Posteriormente, atuou como diretor executivo de produtos da BM&F Bovespa de 2010 a 2016. Em seu papel na Secretaria da Fazenda do estado de São Paulo, sob a administração de Geraldo Alckmin, liderou a política fiscal estadual. Em 2016, retornou a Brasília como secretário-executivo do Ministério da Fazenda durante o governo de Michel Temer, sendo promovido a ministro da Fazenda, cargo no qual trabalhou para a recuperação econômica pós-crise de 2014 e a gestão do teto de gastos públicos. Em fevereiro de 2019, deixou o cargo de ministro e assumiu a posição de CEO da BTG Pactual Asset Management.

O legado de Guardia reflete um compromisso com a modernidade e a tecnicidade, reconhecido por seus pares, o que resultou na publicação do livro “Estado, economia, desafios fiscais e reformas estruturais no Brasil”, organizado em sua homenagem e publicado pela Editora Intrínseca. O livro, que será lançado em 9 de abril em evento na Livraria Travessa do Shopping Iguatemi em São Paulo, contém 22 artigos inéditos escritos por 32 autores, incluindo alguns dos economistas mais respeitados do Brasil.

Entre os autores do volume estão figuras proeminentes como Edmar Bacha, Carlos Ari Sundfeld e Arminio Fraga, que exploram a trajetória de Guardia como gestor e educador. Com 528 páginas, as contribuições abordam não apenas as qualidades de Guardia, mas também o contexto das transformações nas políticas públicas e econômicas ao longo das últimas duas décadas. Os artigos estão organizados em três seções: “Estado e economia”, “Desafios fiscais” e “Reformas estruturais”, abrangendo temas relevantes como inflação, segurança jurídica e produtividade.

O reconhecimento de sua importância é enfatizado nas contribuições que fazem perfil do economista, como a análise de sua contribuição à responsabilidade fiscal e as políticas fiscais durante a administração de Temer. Os organizadores do livro sublinham o papel de Guardia na formulação de políticas econômicas voltadas para a responsabilidade fiscal, um tema que permanece relevante na agenda pública.

Guardia é lembrado por sua cordialidade e discrição, características frequentemente mencionadas por amigos e colegas. Entre eles, Ana Paula Vescovi destaca as qualidades de equilíbrio, empatia e bom humor que o marcaram. O ex-presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, observa que seu trabalho foi essencial para construir um país mais justo, inovando nas discussões sobre equilíbrio fiscal.

A competência técnica de Guardia é amplamente reconhecida, como ressalta Maria Sílvia Bastos Marques, ex-presidente do BNDES, que o descreve como uma pessoa sem ego e sem arrogância, cuja abordagem preferia a negociação em vez do confronto. O livro também inclui uma breve biografia de Guardia e a transcrição de uma entrevista que ele concedeu ao programa Roda Viva, onde demonstrou sua capacidade de conciliar a rigor técnica e a visão política.

Ana Paula ressalta o profissionalismo de Guardia durante a entrevista, evidenciando sua habilidade de lidar com críticas e sua disposição em explicar suas opiniões de forma clara. Mirian Leitão complementa, afirmando que Guardia era um economista preparado, respeitando opiniões divergentes e contribuindo para um debate público mais informado.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!