26 abril 2025
HomeNegóciosA Perspectiva do Papa Francisco sobre Ética nos Negócios

A Perspectiva do Papa Francisco sobre Ética nos Negócios

Neste sábado (26), a comunidade global lamenta a morte de um Papa que sempre apoiou causas sociais. O Papa Francisco buscava a colaboração do setor empresarial para enfrentar a exclusão social e econômica. Este diálogo surgiu pouco após a publicação da Evangelii Gaudium, na qual ele clama por políticos capazes de promover um “diálogo político sincero e eficaz” para enfrentar as barreiras sociais e econômicas que ameaçam as sociedades em diversas partes do mundo.

O Papa defende uma nova mentalidade política e econômica, que proporcione a superação da separação entre a economia e o bem comum. Essa separação questiona por que deveria existir um abismo entre a economia e o bem-estar da sociedade. A divisão entre uma economia que beneficia uma minoria em detrimento da maioria é abordada no Edelman Trust Barometer deste ano, que revelou que 61% dos entrevistados acreditam que governos e empresas dificultam suas vidas, favorecendo interesses restritos e enriquecendo injustamente uma elite.

Esse sentimento generalizado de exclusão tem minado a estabilidade política e a ordem social. O que o Papa se refere como “separação entre a economia e o bem comum” surgiu em um período de hiper-globalização, onde a geração de riqueza é vista como um objetivo em si mesmo, em vez de ser o resultado da criação de valor real. Para alcançar o sucesso sustentáveis, os líderes devem focar em produtos que melhorem a vida e em serviços que ampliem as possibilidades dos consumidores. Assim, a riqueza se torna uma consequência dessas ações.

O diretor fundador da escola de negócios da Universidade de Oxford, John Kay, chama isso de “obliquidade” e argumenta que a felicidade não pode ser encontrada em sua busca direta. Em vez disso, ela se manifesta como resultado da busca de atividades que realmente tragam alegria. Da mesma forma, a criação de riqueza deve surgir da busca por atividades que criem valor, em contraste com a visão tradicional do capitalismo, como formulada por Milton Friedman, que destacou a responsabilidade das empresas de maximizar lucros.

Essa visão pode ter contribuído para a construção da “divisão entre a economia e o bem comum”. Contudo, tal separação não deve existir nem mesmo sob o capitalismo mais rígido. Adam Smith, frequentemente mencionado por suas ideias sobre a “mão invisível”, defendia que a livre iniciativa dependia de fortes fundamentos morais e éticos, e que os participantes do mercado deveriam ser guiados pela “propriedade, prudência e benevolência” para o funcionamento adequado do sistema.

Enquanto Smith é amplamente reconhecido por sua obra de 1776, “A Riqueza das Nações”, ele valorizava mais seu trabalho anterior, “A Teoria dos Sentimentos Morais”, onde trata da capacidade de agir moralmente diante do interesse próprio. Hoje, é relevante recordar a advertência do Papa Francisco de que “os negócios são uma nobre vocação, desde que aqueles que nela atuam se vejam desafiados por um significado maior na vida”, o que possibilita que sirvam ao bem comum e ampliem o acesso aos bens disponíveis.

A adesão a essa exortação papal pode resultar em um mundo consideravelmente melhor, não apenas como um imperativo moral, mas também como uma necessidade econômica.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!