O documentário fictício “Spinal Tap”, que se tornou conhecido por satirizar os excessos do universo do rock, está programado para ter uma sequência, com estreia marcada para setembro. Na produção original, uma das cenas mais engraçadas envolve a decoração do palco que incluiria uma réplica do monumento de Stonehenge. Contudo, durante a estreia do show, a banda se depara com um problema de escala, resultando em uma versão ridiculamente pequena da famosa estrutura, que provoca risadas.
Essa cena foi inspirada pela época em que o Black Sabbath contou com Ian Gillan, vocalista do Deep Purple, em sua formação. Tanto o álbum quanto a turnê que sucedeu seu lançamento ficaram marcados por seu fracasso, o qual foi comparado ao renomado monumento. Ao relembrar o início dessa jornada, torna-se evidente que o desfecho estava fadado ao insucesso.
Certa vez, Ian Gillan, famoso cantor do Deep Purple, despertou de uma festa exagerada com um telefonema de seu empresário. Durante a conversa, o empresário questionou se era realmente sábio que Gillan estivesse tomando decisões sobre sua carreira sem consultá-lo. Após alguns momentos de confusão, o empresário lembrou-o de que ele havia aceitado ser o novo vocalista do Black Sabbath.
Gradualmente, as lembranças de Gillan começaram a ressurgir, remontando a um encontro em um pub com os integrantes do Black Sabbath, Tony Iommi e Geezer Butler. O Black Sabbath, conhecido por ser pioneiro no heavy metal, estava sem vocalista naquele momento, e a combinação com Gillan, impulsionada por diversas bebidas, parecia resolver o dilema.
A união que resultaria em um novo álbum do Sabbath foi uma surpresa para o cenário musical da época. Apesar de ambos os grupos compartilharem características sonoras similares, havia uma divergência significativa. Enquanto Deep Purple gozava de uma boa reputação no hard rock, Black Sabbath frequentemente recebia críticas negativas nas mídias especializadas, que não levavam a sério o estilo pesado e as letras sombrias da banda.
No início da década de 1980, Gillan se encontrou com Iommi e Butler. Naquele momento, o cantor lidava com as consequências financeiras de sua carreira solo após o término do Deep Purple. O Black Sabbath, por sua vez, buscava se reerguer após a saída de Ozzy Osbourne, que havia sido substituído por Ronnie James Dio, mas esse renascimento durou pouco.
Após várias rodadas de cerveja, os músicos, em um período de transição, decidiram juntar forças, ignorando os possíveis resultados dessa inusitada combinação. A entrada de Gillan na banda era tão fora de propósito quanto a hipótese de Mick Jagger se unir ao Bee Gees. No entanto, o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
As músicas gravadas na Inglaterra não conseguiam honrar o legado dos artistas envolvidos. A voz grave de Gillan não se harmonizava com os riffs pesados de Iommi, resultando em uma produção insatisfatória. A capa do álbum, que trazia uma ilustração estranha de um bebê-diabo em um fundo azul, também não agradou Gillan, que descreveu sua reação como vontade de vomitar.
A turnê para promover o álbum problemático intensificou ainda mais o vexame. Gillan frequentemente precisava de ajuda para lembrar as letras, com o público percebendo a falta de conexões entre as músicas. A apresentação frequentemente culminava com “Smoke On The Water”, um clássico do Deep Purple, provocando desconforto.
Durante o show, uma réplica de Stonehenge de 12 metros de altura servia como parte da apresentação, iniciando com um anão vestido de bebê-diabo engatinhando. O que era inicialmente uma performance planejada se tornou um incidente quando a segurança não conseguiu proteger o mini-figurante, resultando em uma queda severa.
De acordo com o jornalista que escreveu a biografia do Black Sabbath, Gillan deixou o grupo logo após a turnê para se reunir com o Deep Purple. Levou décadas para que o Sabbath recuperasse sua imagem como uma banda respeitável. A lição extraída dessa experiência é clara: é prudente evitar exageros em bebidas ao discutir a formação de um novo grupo.
