12 fevereiro 2025
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A Revolução da Alimentação Pet: Lançada a Primeira Carne Laboratorial no Reino Unido

No Reino Unido, os consumidores agora têm a opção de adquirir alimentos para animais de estimação elaborados com carne cultivada em laboratório. O produto, que inclui ingredientes vegetais e 4% de carne de frango cultivada, foi desenvolvido pela Meatly, uma startup londrina que se destacou por ser a primeira do mundo a receber aprovação regulatória para este tipo de carne para rações animais. A técnica de cultivo de carne em laboratório consiste na extração de uma pequena amostra celular de um animal, neste caso, de um ovo de galinha, que é então cultivada em um biorreator, junto com água e nutrientes. Em poucas semanas, essa amostra se transforma em uma massa proteica que gera um impacto ambiental significativamente menor em comparação à criação tradicional de animais, reduzindo a necessidade de terra, água e as emissões de carbono, sem a necessidade de abatimento de animais.

A fundação da Meatly, ocorrida em 2022, teve como objetivo principal a produção de carne cultivada para a alimentação de animais de estimação, reconhecendo a grande demanda por esse tipo de produto, visto que cerca de 20% da carne global é consumida por pets. Atualmente, a nova guloseima conhecida como “Chick Bites” está disponível em uma loja específica da rede Pets at Home, em Londres, e foi criada em colaboração com a marca The Pack. O produto está sendo comercializado a £ 3,49 (aproximadamente R$ 20) por 50 gramas.

Enquanto a popularidade das alternativas à carne cresce, cabe destacar que a carne cultivada ainda não é amplamente disponível. Embora alguns países, como Singapura, Estados Unidos e Israel, tenham legalizado a comercialização desse tipo de carne, a sua venda é ainda restrita. Por exemplo, a Itália se tornou o primeiro país a proibir a carne cultivada em laboratório, embora essa decisão tenha sido contestada por órgãos da União Europeia. Outro desafio a ser superado é o elevado custo de produção da carne cultivada, que atualmente gira em torno de £ 30 (cerca de R$ 210) por quilo. A Meatly tem trabalhado na redução de custos, especialmente em relação aos nutrientes necessários para o cultivo das células, com uma significativa diminuição dos preços.

O processo desenvolvido pela Meatly consiste em colher uma amostra única de células de um ovo de galinha, possibilitando a produção contínua de carne. Esses cultivos são alimentados com uma combinação de aminoácidos, vitaminas e minerais por aproximadamente uma semana, após a qual a carne está pronta com uma consistência similar à do “patê de frango”. Esse tipo de carne apresenta valor nutricional equivalente ao da carne tradicional, estando isento de esteroides, hormônios e antibióticos. Além disso, essa técnica consome significativamente menos recursos, utilizando de 50% a 60% menos terra e 30% a 40% menos água, ao mesmo tempo que emite cerca de 40% menos CO2.

Entretanto, a ampliação da produção é um desafio constante para as empresas do setor. A Meatly, atualmente, utiliza biorreatores de 50 litros, mas planeja a transição para biorreatores de 20 mil litros em uma nova instalação para aumentar sua capacidade produtiva. Testes feitos com cães indicaram uma recepção positiva ao produto, com muitos pets preferindo o novo snack à sua alimentação usual. Os tutores, embora tecnicamente impedidos de testar o produto, também responderam favoravelmente, uma vez que compreendem o compromisso com a sustentabilidade e a segurança alimentar.

De acordo com especialistas, a tecnologia de carne cultivada tem avançado a níveis semelhantes a outras alternativas de proteínas, como a fermentação de microorganismos. A ração para animais representa uma parcela significativa do consumo total de carne, e por isso, o desenvolvimento de métodos alternativos que preservem a segurança alimentar e os nutrientes necessários é considerável para o setor. Com o tempo, espera-se que os meios de cultivo se tornem mais acessíveis e sustentáveis, levando à popularização da carne cultivada para pets e, futuramente, também para o consumo humano.

Embora a aceitação da carne cultivada ainda dependa da familiaridade do consumidor, o lançamento de produtos relacionados à alimentação de animais de estimação pode facilitar essa adaptação. A Meatly planeja expandir sua linha de produtos para incluir também opções para humanos, com a expectativa de que o regulamento para a carne cultivada no Reino Unido seja definido em breve. O objetivo é trazer ao mercado uma carne que seja saudável, sustentável e de produção ética.

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