19 abril 2025
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A Revolução que Precisamos | VEJA

É um fenômeno recorrente. Anualmente, observa-se a surpresa dos brasileiros diante dos baixos índices de qualidade e equidade na educação. Apesar de alguns avanços, três lacunas estão se ampliando. A primeira é uma lacuna social, em que, embora o número de matrículas aumente entre os estudantes de baixa renda, a qualidade da educação avança mais significativamente para os alunos pertencentes às classes mais favorecidas. A segunda lacuna é internacional, com outros países progredindo de maneira mais acelerada, o que resulta na perda de competitividade do Brasil. A terceira lacuna é pedagógica, refletindo a discrepância entre o conteúdo ensinado e o que realmente seria necessário para preparar os jovens para as exigências do conhecimento contemporâneo.

A avaliação da educação não deve se limitar a uma análise do progresso temporal, mas também deve considerar quão longe ainda está o Brasil de garantir a alfabetização plena para todos os cidadãos. É essencial que os jovens desenvolvam habilidades de comunicação, leitura e escrita adequadas em português, capazes de compreender diversos tipos de texto, realizar análises linguísticas e críticas. A fluência em pelo menos um idioma internacional, especialmente o inglês, é igualmente importante, pois a falta dessa habilidade pode dificultar a integração dos jovens no mundo globalizado. Além disso, é fundamental o domínio de disciplinas como ciências, geografia, história e matemática, que fornecem as bases necessárias para que os indivíduos empreendam a busca pela felicidade e participem ativamente na construção de uma sociedade melhor.

A formação em artes e a capacidade de participar de debates sobre filosofia, política, antropologia e sociologia são aspectos indispensáveis da educação. A indignação frente a problemas como a pobreza, a desigualdade social, o autoritarismo, a corrupção e os preconceitos contra minorias também requer um substrato educacional sólido. A aquisição de habilidades digitais tornou-se crucial para que os indivíduos possam trabalhar e usufruir do potencial que essas tecnologias oferecem. A formação para o exercício de um ofício que propicie oportunidades de emprego e geração de renda, independente da obtenção de um diploma universitário, é outra necessidade premente. Além disso, deve-se fomentar uma cultura de solidariedade, respeito pela diversidade e pelos patrimônios cultural e natural, promovendo a consciência de contribuir para a construção de sociedades pacíficas, sustentáveis e justas.

A educação continuada ao longo da vida é vital em um cenário de incertezas e transformações rápidas, como as que estamos vivendo. A criação de uma base sólida que possibilite aos indivíduos com aptidão e talento competir por vagas nas melhores universidades e nos cursos mais procurados no ensino superior é um objetivo que deve ser perseguido. Contudo, isso não é uma realidade em muitas instituições de ensino brasileiras, que muitas vezes não conseguem garantir essa formação robusta. Sem uma intervenção significativa, estima-se que apenas uma fração dos 2,5 milhões de brasileiros nascidos em 2024 tenha uma educação razoável até 2042. Portanto, há uma necessidade urgente de estabelecer um ministério dedicado à educação básica, com foco em formular e implementar uma estratégia que, ao longo de duas ou três décadas, constitua um sistema robusto e equitativo de educação para todos, independentemente da renda e do local de residência.

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