25 março 2025
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A saída de Hugo Motta aumenta as especulações sobre o PL

Como parte do acordo estabelecido para garantir os votos da oposição durante sua campanha para a presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) concedeu a vice-presidência ao PL, partido ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Desde essa decisão, surgiram especulações de que Motta e o PL utilizariam essa posição para impulsionar projetos que atendam à agenda da direita.

Na próxima semana, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), que é estreitamente alinhado a Bolsonaro, assumirá a presidência interina da Câmara. Isso ocorrerá enquanto Hugo Motta acompanhará o presidente Lula em uma viagem ao Japão, conforme determina o regimento da Casa, que estabelece que o vice-presidente deve ocupar a presidência sempre que o titular se afastar da capital por mais de 48 horas.

Com Côrtes na presidência, circulam rumores sobre a possibilidade de avanço em um projeto que oferece anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, uma das principais prioridades entre os parlamentares que apoiam Bolsonaro. Na semana anterior, líderes do PL tentaram assegurar um compromisso com Motta para tratar o projeto com urgência e permitir uma tramitação acelerada, mas essa tentativa foi infrutífera. Em vez disso, foi acordado que, durante a ausência de Motta, a pauta da Câmara se concentraria em questões relacionadas à agenda feminina.

Teoricamente, o vice-presidente possui a autoridade para alterar a pauta e incluir a anistia. Quando questionado sobre essa possibilidade, Côrtes não descartou a ideia, afirmando que “tudo pode acontecer”. No entanto, aliados próximos comentam que as chances de o vice tomar alguma decisão sem o consentimento de Hugo Motta são baixas. Apesar de pertencerem a partidos diferentes, Motta e Côrtes mantêm uma relação de aliança e boa cooperação, o que é frequentemente a norma dentro da dinâmica da Câmara.

Um exemplo significativo dessa dinâmica de relação aconteceu em 2016, quando o então vice-presidente Waldir Maranhão, ao ser nomeado presidente interino, anulou a sessão que havia aprovado o impeachment de Dilma Rousseff, substituindo Eduardo Cunha, que estava afastado por ordem judicial. Contudo, sob pressão, Maranhão revogou a sua própria decisão no dia seguinte.

Mais recentemente, em 2022, o então presidente Arthur Lira (PP-AL) destituiu Marcelo Ramos (PSD-AM) do cargo de vice, que era um crítico severo de Jair Bolsonaro, a quem Lira apoiava. Na nova eleição que se seguiu, o deputado Lincoln Portela (PL-MG), que também é vinculado a Bolsonaro, assumiu o cargo.

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