Após enfrentar acusações de “rachadinha” em seu gabinete, o deputado federal André Janones (Avante-MG) teve uma diminuição de sua presença nas redes sociais, que representam seu principal espaço de atuação. Em resposta, ele está empenhado em recuperar seu destaque na comunicação. Com uma produção legislativa que ficou em segundo plano frente a comportamentos polêmicos nas redes, Janones decidiu investir novamente nesse setor, contratando uma nova equipe de comunicação, com o objetivo de ressurgir o chamado “janonismo cultural”.
Durante a campanha presidencial de 2022, Janones foi escolhido pelo grupo central da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para enfrentar digitalmente os apoiadores de Jair Bolsonaro. Essa abordagem agressiva rendeu a Janones o rótulo de “janonismo cultural”, o que fez com que, pela primeira vez, o bolsonarismo fosse pressionado nas plataformas digitais durante aquele período eleitoral. Em um movimento para documentar essa trajetória, o deputado lançou um livro e estreitou laços com o governo. Contudo, a relação tornou-se mais distante após a divulgação de um áudio em que Janones solicitava a devolução de parte dos salários de seus assessores.
Recentemente, a nova estratégia de comunicação de Janones parece estar gerando resultados positivos. Nos últimos meses, suas redes sociais mostraram um crescimento significativo. Entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, as interações no X (anteriormente Twitter) apresentaram um aumento médio de 1.943% em curtidas, salvamentos e compartilhamentos. No Instagram, o número de curtidas, comentários e compartilhamentos cresceu 376%, com os compartilhamentos saltando 648%, de 13.900 em outubro para 9,01 milhões em janeiro.
O novo estrategista político contratado, Paulo Loiola, afirmou que o intuito é revitalizar o janonismo cultural em sua essência, evitando a necessidade de furar bolhas informativas. A estratégia envolve manter a oposição em constante reação às provocações, em vez de agir proativamente. Em uma demonstração de sua nova abordagem, Janones compareceu à Câmara dos Deputados vestindo uma camiseta provocativa com um palavrão, em protesto contra um projeto de anistia relacionado à invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília, ocorrida em 8 de janeiro. No mesmo dia, membros da oposição se mobilizaram no Congresso para pressionar por avanços na proposta.
Em relação ao caso da “rachadinha”, tanto Janones quanto dois de seus assessores foram indiciados pela Polícia Federal, em setembro do ano passado, sob acusações de associação criminosa, corrupção passiva e peculato, sendo esta última restrita a Janones. A denúncia se originou de um áudio em que o deputado solicita aos assessores a devolução de parte dos salários para cobrir prejuízos de sua campanha eleitoral de 2016. Em outubro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) requereu a suspensão do inquérito por sessenta dias para tratar de um possível acordo de não persecução penal.
Anteriormente, em junho de 2024, Janones foi submetido a julgamento pelo Conselho de Ética da Câmara devido ao esquema de rachadinhas. A denúncia foi arquivada por 12 votos a 9, após uma sessão marcada por tumulto. A documentação do PL, partido de Jair Bolsonaro, solicitava a cassação de Janones por quebra de decoro parlamentar, com base no áudio divulgado. O arquivamento foi respaldado pelo relator do caso na Comissão de Ética, o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que argumentou a ausência de quebra de decoro, uma vez que os fatos ocorreram antes do início do mandato de Janones. A posição de Boulos se tornou um foco nos debates eleitorais, especialmente quando ele concorreu à Prefeitura de São Paulo, eleição na qual foi derrotado no segundo turno por Ricardo Nunes (MDB), prefeito reeleito.
