A deportação de 88 brasileiros que se encontravam ilegalmente nos Estados Unidos decorre de um entendimento estabelecido com o Brasil em 2017, durante o início do primeiro mandato de Donald Trump, na administração do ex-presidente Michel Temer. De acordo com esse entendimento, as aeronaves são utilizadas para trazer de volta aqueles que não possuem mais alternativas de recurso na Justiça americana.
O governo brasileiro vê o acordo de deportação entre os dois países como um canal de comunicação importante. A intenção é impedir que essas pessoas fiquem detidas por longos períodos. Em geral, trata-se de indivíduos que foram presos nos Estados Unidos devido à sua condição irregular. O governo brasileiro rejeita a inclusão, nos voos de deportação, de indivíduos que ainda têm possibilidades de recorrer de suas sentenças.
Neste domingo (26), o Itamaraty divulgou uma nota expressando sua insatisfação em relação ao tratamento dos repatriados pelos Estados Unidos. O Ministério das Relações Exteriores destacou que os brasileiros deportados enfrentaram uma experiência “degradante” durante o voo realizado pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) dos EUA. No comunicado, o Itamaraty relatou que, na viagem com destino a Belo Horizonte, houve um uso “indiscriminado de algemas e correntes” nos deportados, o que contrariaria acordos previamente estabelecidos com os EUA. O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas não sejam cumpridas.