Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgou dados preocupantes sobre a qualidade da água da chuva em diversas regiões do Brasil. A pesquisa concentrou-se em três cidades do estado de São Paulo: São Paulo, Campinas e Brotas, escolhidas por sua diversidade em urbanização e uso do solo. Em todas as localidades analisadas, foram encontrados traços de agrotóxicos nas amostras de água da chuva, com a concentração variando de acordo com a proximidade de áreas rurais onde esses produtos são utilizados.
A pesquisa indicou uma dispersão significativa de agrotóxicos, atingindo até regiões que não recebem aplicação direta, como a cidade de São Paulo. Esse fenômeno ocorre uma vez que, após a aplicação nas plantações, os agrotóxicos ficam impregnados no solo. As partículas contaminadas podem ser transportadas pelo vento para a atmosfera e, durante a chuva, são arrastadas, resultando na contaminação de áreas distantes do local onde foram inicialmente aplicadas. Entre os 15 agrotóxicos analisados, a atrazina foi o mais prevalente. É relevante mencionar que vários desses compostos são proibidos na União Europeia devido aos riscos de contaminação e a possibilidade de causarem doenças graves, como câncer.
A presença desses contaminantes na água da chuva acarreta riscos tanto para a saúde humana quanto para a fauna nos ecossistemas preservados, além de comprometer o abastecimento de água. Processos convencionais de tratamento de água destinados ao consumo humano frequentemente não são capazes de eliminar esses tipos específicos de poluentes, o que pode resultar em uma exposição prolongada da população a essas substâncias. Ademais, muitos agrotóxicos possuem efeitos cumulativos, sujeitando-se ao acúmulo no tecido adiposo ao longo do tempo, o que pode levar ao surgimento de problemas de saúde graves. Essa situação se agrava com a crescente utilização de drones na pulverização agrícola, que, apesar de regulamentações, eleva o risco de dispersão dos produtos químicos.
Este estudo é um alerta crucial para as autoridades e a sociedade, enfatizando a necessidade de reavaliação das práticas agrícolas atuais e a implementação de medidas rigorosas de controle no uso de agrotóxicos, com o intuito de preservar a saúde pública e proteger o meio ambiente.