Quando a Alemanha se pronuncia, Israel deve prestar atenção, dado que a Alemanha é considerada um dos aliados mais confiáveis na Europa, especialmente em virtude de seu histórico de antissemitismo. O primeiro-ministro Friedrich Merz expressou sua posição de forma clara: “Atacar a população civil de maneira tão ampla, como tem ocorrido nos últimos dias, não pode ser justificado como uma ação contra o terrorismo do Hamas”. Sua declaração foi cuidadosamente escolhida, refletindo um questionamento sobre as ações do Exército israelense na Faixa de Gaza e o impacto sobre a população civil.
Merz destacou que, quando os limites são ultrapassados e o direito humanitário é violado, é essencial que o chanceler alemão se manifeste. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também se posicionou de maneira contundente e criticou a intensificação das operações militares israelenses em Gaza, especialmente quando atingem infraestrutura civil, incluindo escolas que servem como abrigos. Essa crítica é significativa, considerando que vem de uma força política com a qual Israel tradicionalmente mantém laços fortes.
A situação em Gaza é evidentemente complexa e perigosa para a população palestina. O Hamas opera em locais estratégicos, como escolas e hospitais, dificultando ações militares sem riscos para civis. O aumento das ofensivas aéreas e a possibilidade de reocupação em solo demonstram o impasse que resulta na condenação internacional, e essa dinâmica prejudica até mesmo a imagem de Israel entre seus aliados.
Os defensores da operação militar argumentam que o objetivo do Hamas é desacreditar Israel por meio das baixas civis. É uma análise pertinente, mas Israel enfrenta um dilema crucial: a preservação de seus poucos aliados internacionais em meio a esforços para neutralizar o Hamas e recuperar reféns. A relação com os Estados Unidos, especificamente com Donald Trump, também enfrenta tensões, evidenciadas por discussões sobre acordos nucleares com o Irã.
A complexidade da situação é ampliada pela incerteza quanto à disposição do Irã em desistir do enriquecimento de urânio, que configura uma ameaça nuclear. A capacidade de Israel de lidar com seu programa nuclear em um contexto de conflito em Gaza levanta preocupações sobre a possibilidade de ação isolada e o apoio de aliados tradicionais, como França e Reino Unido, em um eventual cenário de retaliação.
Neste cenário, Israel confronta questões de existência que se tornam mais críticas do que nunca. As ameaças contra o país são significativas, e a manutenção de alianças é vital para sua segurança em um momento tão desafiador.