O blogueiro Allan dos Santos, associado a notions bolsonaristas, é considerado foragido pela Justiça brasileira e atualmente reside nos Estados Unidos. Sua situação se agravou em 5 de outubro de 2021, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decretou sua prisão preventiva no âmbito do inquérito das fake news, investigando a formação de uma organização criminosa voltada para a disseminação de notícias falsas. Allan dos Santos, ex-responsável pelo canal “Terça Livre” no YouTube, enfrenta investigações em dois inquéritos no Supremo: um relativo à propagação de informações falsas e o outro à criação de “milícias digitais”.
Desde a ordenação de sua prisão, Allan dos Santos tem residido nos Estados Unidos, onde, no final do ano passado, revelou nas redes sociais que começou a trabalhar como motorista de aplicativo na cidade de Orlando. Ele afirmou: “Agora sou motorista de aplicativo e estou gostando muito. Não deixarei de fazer jornalismo, mas tenho prioridades, contas e não faço acordos com criminosos”. Em janeiro deste ano, ele foi visto em um vídeo compartilhado por Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que estava nos EUA para a cerimônia de posse de Donald Trump.
Desde 2023, o governo brasileiro formalizou um pedido de extradição de Allan dos Santos. É relevante observar que, enquanto no Brasil crimes relacionados a injúria e calúnia são considerados crimes contra a honra, nos Estados Unidos são vistos como questões de liberdade de expressão. O governo atual, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, reiterou o pedido de extradição, embora exista um acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos que não contempla a extradição por crimes de injúria e calúnia. Especialistas destacam que, até que um acordo de extradição seja estabelecido, Allan dos Santos permanece legalmente no território americano, uma vez que o cumprimento de mandados de prisão é uma questão interna das autoridades brasileiras.
Ainda segundo especialistas, Allan dos Santos não poderá retornar ao Brasil, pois seria preso ao pisar em solo brasileiro. Disputas entre Alexandre de Moraes e a plataforma X (anteriormente Twitter), bem como o Rumble, têm sido notórias, com Allan dos Santos figurando como um dos pontos centrais das contendas. Em julho do ano passado, Moraes intimou a X a remover a conta do blogueiro e solicitar informações relacionadas. Contudo, a plataforma argumentou que não possui dados cadastrais e que o usuário não apresenta conexão técnica com o Brasil.
Em 20 de fevereiro deste ano, Moraes aplicou uma multa de R$ 8 milhões à X por não cumprir suas ordens. A mesma solicitação foi feita à plataforma Rumble, que discutiu um possível impedimento para operar no Brasil devido à não obrigatoriedade de um representante legal no país. Após a falta de cumprimento das intimações por representantes da empresa, Moraes optou por solicitar o bloqueio do aplicativo no Brasil. Isso gerou complicações para a regulação do uso do aplicativo e impediu a reativação do X no país em questões ligadas ao bloqueio do canal de Allan dos Santos.
Após as ações de Moraes, Rumble e o grupo de mídia Truth Social, associado ao ex-presidente Donald Trump, processaram o ministro nos Estados Unidos, alegando censura ao discurso político das pessoas alinhadas à direita. As empresas argumentaram que as ordens de Moraes para a remoção de contas de figuras de direita no Brasil infringiam a Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Complementarmente, influenciadores brasileiros com viés político à direita começaram a usar a plataforma Rumble como uma alternativa para compartilhar suas opiniões sem enfrentar as restrições de conteúdos impostas por outros aplicativos.
