15 abril 2025
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Altar Descoberto em Cidade Maia Pode Revelar Segredos do Passado

Arqueólogos que atuam em uma antiga cidade maia realizaram a descoberta de um altar enigmático, datando de 1.700 anos, que apresenta decorações vibrantes e um conteúdo intrigante que pode contribuir para a compreensão da complexa geopolítica da época. O altar foi encontrado em Tikal, uma cidade maia em ruínas localizada na atual Guatemala. No entanto, pesquisadores acreditam que sua ornamentação não é de origem maia, mas sim o trabalho de artistas que operavam a 1.014 km de distância, na cidade de Teotihuacan, próxima à atual Cidade do México, que teve uma influência significativa na região.

Antes dessa descoberta, já existia um entendimento entre os estudiosos de que as duas civilizações interagiam, embora o tipo de relação entre elas fosse discutido. O altar, ricamente decorado, contendo dois corpos enterrados em sua base, oferece evidências que sugerem que “líderes influentes de Teotihuacan viajaram até Tikal e replicaram rituais que teriam ocorrido em sua cidade de origem”, conforme declarou um dos coautores do estudo, especialista em cultura maia. Ele também salientou que a presença de Teotihuacan deixou uma marca importante na região.

As escavações iniciadas em 2019 por Houston e seus colaboradores, que incluem especialistas dos Estados Unidos e da Guatemala, se basearam em varreduras da área que indicavam a existência de estruturas sob o que se pensava ser uma colina natural. Durante a investigação, encontraram o altar, que ainda preserva contornos vagos de uma figura usando um cocar de penas em cada painel, além de traços de tintas em cores vibrantes como vermelho, preto e amarelo. Esse design é similar a outras representações de uma divindade conhecida como “Deus da Tempestade”, que era mais frequentemente vista em Teotihuacan do que na arte maia.

O altar continha os restos de dois indivíduos – um homem adulto e uma criança entre 2 e 4 anos, enterrada em posição sentada, uma prática mais comum em Teotihuacan do que em Tikal. Outros três corpos infantis foram localizados nas proximidades do altar, enterrados de maneira análoga a sepultamentos de crianças em Teotihuacan, embora a causa de suas mortes não tenha sido especificada pelos pesquisadores. Essas práticas culturais evidenciam a crescente influência de Teotihuacan sobre Tikal, conforme mencionado no artigo.

Além disso, a maneira como essas construções foram sepultadas e nunca mais reformadas “provavelmente indica os sentimentos complexos que os maias tinham em relação a Teotihuacan”, segundo o coautor do estudo. Ele observou que, diferentemente do usual, onde os maias costumavam enterrar construções e erigir novas sobre elas, nesse caso, eles simplesmente deixaram o altar e as estruturas adjacentes, tratando o local quase como um memorial ou uma área proibida.

Essa recente descoberta adiciona uma nova camada ao entendimento da relação entre as duas civilizações, à luz de pesquisas anteriores. Na década de 1960, foi encontrado um artefato com uma inscrição que descrevia um conflito entre os maias e Teotihuacan, mencionando que “por volta de 378 d.C., Teotihuacan estava essencialmente eliminando um reino”. Eles depuseram o rei local e colocaram um traidor em seu lugar, um rei fantoche que serviu como um recurso local útil.

O altar é possivelmente datado de um período semelhante ao golpe que levou ao auge do reino maia, antes do seu eventual declínio em torno de 900 d.C. As descobertas da escavação revelam uma narrativa antiga sobre impérios em conflito e a luta por influência cultural. A relação entre Teotihuacan e a civilização maia pode ser vista como uma questão de rivalidade, com a primeira reconhecendo o potencial econômico e cultural da região maia, que era conhecida por suas riquezas, incluindo penas de aves tropicais, jade e chocolate.

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