sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Alternativas econômicas para tratar picadas de cobra

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Pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca e do Instituto de Design de Proteínas da Universidade de Washington publicaram um estudo que pode mudar a forma como lidamos com picadas de cobra. Utilizando inteligência artificial, a equipe desenvolveu proteínas capazes de bloquear as toxinas do veneno de maneira efetiva. Durante experimentos com camundongos, a nova técnica mostrou taxas de sobrevivência que variaram de 80% a 100%, dependendo da dose e do tipo de toxina utilizada.

Elaborar antivenenos continua sendo um desafio por vários motivos. O processo tradicional envolve a injeção de pequenas quantidades de veneno em animais, como cavalos, para induzir a produção de anticorpos, que são então extraídos e purificados. Esse método, além de ser caro, exige animais saudáveis e instalações de laboratório adequadas. Ademais, os antivenenos precisam ser mantidos em baixas temperaturas para preservar sua eficácia, o que representa um obstáculo significativo em áreas isoladas ou com infraestrutura insuficiente.

A tecnologia de inteligência artificial surge como uma solução inovadora. Ao invés de utilizar o sistema imunológico de animais, os cientistas recorrem a programas computacionais que projetam proteínas com a capacidade de se ligar diretamente às toxinas do veneno, neutralizando-as. Essa metodologia elimina a necessidade de imunização animal, reduz o prazo de produção de meses para apenas semanas e torna possível a fabricação em larga escala através de microrganismos, como bactérias. Uma das grandes vantagens dessa técnica é que essas proteínas têm uma estabilidade térmica significativa, o que permite seu armazenamento em regiões tropical ou transporte em kits de primeiros socorros, garantindo acesso rápido ao tratamento em lugares remotos.

Apesar dos resultados encorajadores, a tecnologia baseada em inteligência artificial ainda necessita superar algumas barreiras antes de sua implementação em larga escala. Atualmente, as antitoxinas projetadas são específicas apenas para um tipo de toxina, chamadas “three-finger toxins”, que são comumente encontradas em cobras como as najas. Para desenvolver uma solução mais abrangente, os pesquisadores estão focando em criar “coquetéis” de proteínas que possam neutralizar as várias toxinas presentes nos venenos de diferentes espécies. Além disso, serão necessários estudos clínicos em humanos para validar a eficácia e segurança desses novos tratamentos. Caso a iniciativa se mostre bem-sucedida, ela poderá não apenas complementar, mas até substituir os antivenenos convencionais, e a tecnologia pode ser adaptada para tratar outras condições médicas, ampliando sua aplicação.

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