A B3 planeja implementar operações de aluguel de debêntures até o final de 2025, proporcionando aos investidores a oportunidade de estabelecer posições vendidas nesses ativos e lucrar com uma possível queda nos preços. O CEO da B3 destacou que há uma mudança regulatória em andamento que requer aprovação do Conselho Monetário Nacional e que a instituição está comprometida em concluir esse processo ainda em 2023.
A procura por essa opção tem aumentado, especialmente entre os fundos de crédito privado, que atualmente enfrentam limitações para se resguardar durante períodos de spreads baixos. Este cenário resultou na decisão de várias gestoras de suspender a captação no ano anterior, evitando a aquisição de debêntures em um mercado que já indicava um aumento dos spreads, o que de fato ocorreu em dezembro.
Além de ampliar as alternativas de hedge, o aluguel de debêntures possibilitará posicionamentos direcionados contra ativos específicos, aproveitando uma possível deterioração do risco de crédito associado a determinadas empresas ou setores. Espera-se que essa nova ferramenta fomente a liquidez no mercado secundário, um aspecto considerado crucial pela B3 para possibilitar o lançamento de derivativos ligados ao crédito.
Este é um segmento ainda inexplorado no Brasil e poderá permitir operações de compra e venda de proteção contra o risco de calote de empresas, semelhante ao funcionamento de um CDS (credit default swap). O CEO da B3 observa que essa mudança representa uma evolução para o mercado de renda fixa no país.
Para apoiar esse avanço, a bolsa está investindo na digitalização do mercado de renda fixa, sendo este o principal projeto da B3 para 2025. Esse segmento movimenta entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões diariamente na bolsa e corresponde a 15% a 20% da receita da instituição.
Os fundos de renda fixa atingiram o recorde histórico de captação no ano passado, com uma entrada líquida de R$ 243 bilhões, de acordo com a Anbima, sendo uma parte significativa destinada a fundos de crédito. Apesar de não esperar grandes movimentações no mercado de IPOs (Oferta Pública Inicial) para este ano, a B3 acredita que o crescimento do mercado continuará sendo impulsionado pelos produtos de renda fixa.
Embora o ano tenha começado com um viés de baixa, a expectativa é de que o mercado se desenvolva positivamente. Com rendimentos em torno da inflação mais 7%, ainda existem produtos isentos, reforçando a percepção de que o Brasil continua sendo um dos melhores lugares do mundo para investimentos.